A doença da nova geração

Há mais de 40 anos, se consolidava a Era da informação. As pessoas passaram a se conectar umas com as outras de forma cada vez mais rápida. As informações, que antes eram praticamente um teste de paciência, com cartas que demoravam meses para chegar ao seu destino, passaram a ser instantâneas e a caber no bolso. Você pode não ter percebido, mas criamos um monstro e deixamos ele nos dominar.

Não digo a utilidade e a genialidade tecnológica nos dias atuais, mas a forma como lidamos com isso. Criamos um mundo que não nos permite explorá-lo de corpo e alma, somente com os dedos. As redes sociais se tornaram revistas eletrônicas de autopromoção. O mais interessante é que isso acaba por ser um conflito interno: algumas pessoas se doem por dentro quando não atingem a expectativa de 100 curtidas. Outras, por causa de um maldito aviso de mensagem visualizada. As selfies, que já existem há muito tempo, agora são sinônimo de autoafirmação. A necessidade de mostrar o quão as pessoas estão se divertindo por meio de uma foto é extremamente imbecil. É a tal doença da nova geração: o mal da aparência. E o que dizer do pau de selfie? Bacana. A fotografia é uma das maiores destrezas da arte. Mas a arte do bom senso é a minha preferida. Chegar com um pau de selfie na balada não é legal, por exemplo. Tanto é - ou melhor, não é -, que casas noturnas de Londres já proibiram a entrada do aparelho. Não preciso dizer o motivo.

Isso sem mencionar que, de acordo com estatísticas óbvias, a carência e o ego tomaram espaço significativo nas relações inter e intra pessoais. Ninguém mais parece ter ideia do que é ficar sozinho e isso assusta as pessoas. A autoconfiança exorbitante e o egocentrismo no Facebook e Instagram parecem impressionar, mas, geralmente, não passam de apenas uma carcaça estereotipada, por trás de uma carência imensurável que implora por atenção alheia. É revoltante perceber que, para muita gente, estar conectado com pessoas distantes via celular é mais importante do que simplesmente olhar para a paisagem enquanto anda, cumprimentar o vizinho e se dar conta do mundo real. Ao final, a minha conclusão de imediato ainda é a mesma: somos escravos da tecnologia.