Os namoros que me desculpem, mas amor é fundamental

Não espero que as muito feias me perdoem, tampouco acho que beleza seja fundamental. Pelo menos não tanto quanto achou, um dia, Vinicius de Moraes. Zelo mais pelos atributos - e há quem diga o quão a beleza depende deles. É aquela pergunta clássica de curiosos ou pessoas minimamente interessantes: Tá, mas, além de ter beleza, o que mais você tem a oferecer?

Eu espero que diversas coisas, mas tantas, a ponto do seu físico ser mera primeira impressão, só que sem ser aquela que fica. Surpreenda, eu quero dizer. E digo isso porque, para qualquer relação, você vai precisar ser mais do que garota fit ou cara estiloso. A vida tem sede por mais, do contrário você fica na linha de trás. Porém, eu não estou dizendo que para um relacionamento você deva ser inteligente, culto, engraçado e maduro. Primeiro porque isso enriquece você, não o outro. Segundo que, infelizmente, alguns namoros, ficadas, rolos ou seja lá qual rótulo você usa, não exigem nada disso. Talvez ser engraçado. Ah, e bom de cama. Mas aparência, para esses relacionamentos vazios, está em primeiro lugar na lista de prioridades. Lista essa que, se o primeiro quesito for satisfatório, os outros nem entram em questão. Por isso, minha cara leitora ou meu querido leitor, se estiverem a fim, saibam que ter um relacionamento não é difícil. Pelo contrário: parece que até está na moda, não? Pelo que sei das pessoas que conheço, todas já namoraram - e olha que conheço umas pessoas desagradáveis. Isso porque não peneiramos as importâncias, selecionando de forma burra o que é mais fácil: alguém que tenha beleza e riqueza material. Pronto, temos vários exemplos disso nas redes sociais e no cotidiano.

Já para outras pessoas, a procura por um relacionamento amoroso parte do princípio da carência. Também aqui, a escolha é feita mediocremente, não pensada. Elas temem a solidão e negam uma relação consigo mesma a qualquer custo. O poeta alemão Rainer Maria Rilke já dizia o quanto os jovens são indispostos à solidão e impacientes. Não faça parte dessa massa. Digamos que a paciência é elemento essencial para encontrar uma pessoa bacana. Porque de fato não é tarefa fácil. Aliás, não deveria ser tarefa, apenas um caso de espontaneidade desejado. Há, ainda, aquele namoro construído para destruir alguém. E aí acaba por ser o fim: usar uma pessoa para esquecer outra. Não resolve e ainda magoa alguém que nem deveria estar ali. A superficialidade nos relacionamentos aniquila qualquer possibilidade de mostrarmos quem realmente somos, o que queremos e sentimos. O amor se tornou banalidade. Ou melhor, nós o tornamos coisa banal. Num mundo cheio de pessoas vazias, é extremamente atraente esbanjar singularidade. Por isso, tenha algo a dizer e a mostrar. Você verá que, apesar de grande parte da sociedade amar pessoas fúteis, o tempo não as perdoa e as cobranças virão. E, enquanto namoros reais estão se dissolvendo num mar de status imensurável, o amor que é tão distorcido está cada vez mais extinto e, por mais paradoxal que seja, ganha mais valor a cada desvalorização.