ALUNO PAGA AO PROFESSOR OU PROFESSOR PAGA AO ALUNO? (Não é o empregador quem paga os salários, mas o cliente." — Henry Ford)

Em uma aula expositiva para o Ensino Médio, não daquelas normais, mas nesta, pediram-me desaforadamente; por isto, recusei-me a repetir a explicação a umas alunas, estando elas conversando paralelamente e, com o fone auricular em uso audível a distância, nem me ouviam. Foi aí, quando uma delas, ousadamente, a mim, levantou a voz, como quem quisesse me obrigar, alegando pagadora de meu salário por ser servidor público. Pedi maiores explicações, e ela repetiu o velho discurso irreflexivo de quem nunca tem um justo juízo: — "uma balinha que compro me é cobrado impostos que formam seu salário, professor." Por isso, veio-me a pergunta: É o aluno pagador do salário do professor ou é o professor bancador do aluno matriculado na escola pública?

Pois bem, pesquisando alguns sites, esbarrei em um, dizendo que cada aluno da rede pública, em 2020, custa R$ 3.643,16. (https://convivaeducacao.org.br/fique_atento/2060#:~:text=O%20texto%20foi%20publicado%20no,de%20R%24%203.643%2C16.) — acessado em 08/07/2020. O que achei pouco, mas...

Agora, também em 2020, foi melhorado o valor do Bolsa Família, que se faz merecedor somente quem é frequente à escola, o que elevou consideravelmente o investimento por aluno. (https://noticiasconcursos.com.br/direitos-trabalhador/renda-brasil-vai-substituir-bolsa-familia-com-valor-de-ate-r-300-veja-quem-pode/#:~:text=o%20Seguro%20Defeso.-,O%20novo%20programa%20do%20Governo%2C%20a%20ser%20lan%C3%A7ado%20pelo%20presidente,e%20R%24%20205%2C00.) — acessado em 08/07/2020.

Analisando assim e comparando com a produção do aluno, então ele sai devendo ao estado. Eu sim, pago-o com meus impostos! Os professores pagam, sim, para tolerar as afrontas deles, também. Sem falar de outras coisinhas compradas, em função do trabalho, que não se pode abater no Imposto de Renda.

Porém, quem paga, de fato, aos professores da rede pública? E se são os alunos pagadores do salário dos professores, então são também péssimos patrões, pois jamais querem produção necessária. Se não sei, de fato, quem nos paga, muito menos sei quem paga aos que cortam nosso ponto, quando faltamos ao trabalho, por uma dor de cabeça que nem precisou ir ao médico pegar atestado contendo CID, desconforto que, temos certeza, com um simples repouso, resolve. Só sei que quem quer que seja, este patrão de forma alguma está interessado em qualidade. vivem denunciando as mudanças vindas das instância superiores. Há quanto tempo não faço um curso de aperfeiçoamento que não custou do meu bolso! Isso é se quero fazer frente à concorrência. Querer motivar o professor ao aperfeiçoamento oferecendo um suborno de duzentos reais mensais (sismédio) realmente fica mais barato do que pagar um bom curso, dirigido por doutores, para cada um devolver significativamente com esforço qualificado no trabalho de educador, fazendo jus à dignidade.

Se os alunos soubessem o valor objetivo e subjetivo de uma aula, talvez seriam mais respeitosos e compromissados. Os coordenadores estão muitíssimos preocupados em fazer leis e normas rígidas para manter os alunos em sala de aula, mas esse esforço em elaborar estratégias é só uma evidência da desvalorização real do produto vendido pelo professor. Comprar aula é a solução! Privatizar a educação, também! E tanto faz, se a escola não se valorizar. Por que ela estaria mais interessada que os alunos estudem do eles mesmos deveriam estar?