Ordinárias Crônicas Adolescentes - Melissa cap II

II

Na sexta-feira, fui mais cedo para escola para encontrar o Rique e o Matheus, por mais que eu odeie admitir, eu sinto muita saudade dos dois e gosto sempre de estar com eles, nem que seja por pouco tempo. Cheguei na escola e lá estavam eles, sentados debaixo da sombra de uma árvore nos jardins frontais, como sempre costumavam fazer. A preguiça daqueles dois é algo inimaginável, sempre os vejo deitados, sem fazer nada, não fazem nenhuma tarefa doméstica, não estudam em casa, um caso sério, às vezes me dá uma invejinha deles por isso, mas acho que se ficasse parada o tempo todo como eles, eu surtaria com toda certeza.

Fui aproximando-me deles um pouco cansada por conta da subida da pequena ladeira que levava até a escola, ofegante, joguei a mochila no chão depois de ter pegado minha garrafa d’água, os dois me encaravam sem dizer uma palavra sequer enquanto eu dava um longo gole, tampei-a e joguei-me sentada na grama.

- Não vão falar oi comigo não? – Falei com rispidez.

- Qual é? – Matheus disse com um sorriso irônico.

- De boa? – Perguntou Rique com o mesmo ar sarcástico.

- Ih, que foi? Que que eu fiz?

- Nada, era só pra ver como ‘cê ia reagir – Rique respondeu e os dois começaram a rir como idiotas e trocaram um cumprimento de socos.

- Seus babacas! E aí, alguma novidade?

- Eu vou pegar a prima do Matheus!

- Duvido, do jeito que aquela lá é nojenta e fresca, nunca deve ter beijado na boca – replicou o outro garoto.

- Eu faço ela perder a frescura – Rique se encheu de si e piscou pra mim. Desnecessário.

- Ah, tadinho de você! Mas vocês vão sair hoje? – Perguntei ao Matheus.

- Sim, vamos e você tá incluída, não tenho a mínima ideia de onde ir, têm alguma ideia?

- Pô cara, sei não – Respondeu Rique.

- Eles não são de cidade pequena? Poderíamos ir ao boliche, duvido que já foram alguma vez – Falei.

- Pode até ser que na cidade deles não tenha boliche, mas eles são ricos, viajam muito, já devem ter ido, mas é uma boa ideia, afinal, a maioria de nós é menor, não tem muito o que fazer – Respondeu Matheus.

- Pois é, e festa na casa da Tamara só sábado, ela disse que tava cheia de provas essa semana, vai aproveitar hoje de noite pra dormir. – Falou Rique.

- Então boliche hoje e festa amanhã? Tô precisando espairecer. – falei sem me endereçar a nenhum dos dois especificamente.

- Por quê? – indagaram em uníssono.

- Porque eu não aguento mais essa vida de merda que eu tenho.

Gustavo Ribeiro
Enviado por Gustavo Ribeiro em 21/02/2015
Código do texto: T5144912
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