Ordinárias Crônicas Adolescentes - Melissa cap III

III

Os meninos riram quando eu disse aquilo, mas é a mais pura verdade. Não aguento mais essa dúvida e essa pressão, tenho que fazer o máximo para me distrair e não ficar tão estressada, já basta todo mês eu ficar assim, chorar como um bebê, ter raiva de tudo e de todos, querer lançar objetos em todos que cruzam meu caminho e encontram meu olhar, sentir aquela maldita cólica que não passa nem por reza e ainda sangrar por dias. É, acho que eu estou de quase de TPM.

A hora dos meninos irem para o cursinho deles chegou e eu entrei no colégio, estava meio aérea nesse dia, porém um pouco mais calma, acho que por saber que me divertiria esse fim de semana, que provavelmente teria piscina na casa do Matheus e, devo admitir, estou precisando tomar um bronze. Encontrei com as meninas, Lara e Ju, no corredor ao caminho da sala e nela entramos conversando sobre qualquer bobagem. O sinal tocou, tomamos nossos lugares, cumprimentei outros colegas de sala e a professora de história chegou dizendo que teria novidades. O burburinho começou a rolar solto na sala, até que a professora largou seus materiais em sua mesa, apagou o que havia escrito e desenhado no quadro e pediu silêncio, por incrível que pareça, todos obedeceram na primeira ordem.

- Bom, hoje dois dos estagiários que vêm me acompanhando na outra escola em que trabalho no turno da manhã, darão a aula. A aula será bem diferente do que estão acostumados, eles trouxeram multimídias, vídeos e outras coisas mais para vocês entenderem melhor as civilizações antigas, sei que não é o que estamos estudando no momento, contudo, tenho a certeza de que acharão bem interessante.

O burburinho começou de novo, eu não sabia o que achar disso tudo, porque era melhor ter uma aula diferente na sexta-feira que ficar sentada numa sala assistindo a mesma coisa de sempre. A professora anunciou que durariam duas aulas, que o professor de sociologia havia concordado em ceder sua aula para que os estagiários pudessem dar a sua sem problemas, enfim ela anunciou:

- Então, vamos à sala de multimídia.

Fazia tempo que eu não entrava naquela sala, era bem ampla e cabiam umas sessenta pessoas, as paredes eram pintadas de azul claro, a cor símbolo da escola, havia janelas grandes com persianas que bloqueavam toda a claridade, carteiras e cadeiras dispostas de maneira diferente a de uma sala aula comum, como num cinema ou teatro. À frente, havia um quadro branco, dois computadores e sistema de som, que contava com microfones de mãos e headsets e caixas de som. Além da nossa turma, o único terceiro ano do ensino médio do turno da tarde, a turma que acompanhava o professor de sociologia também assistiria à aula dos estagiários conosco, era a turma do segundo ano, com isso, a sala se encheu com todos nós que completaríamos um número de quase cinquenta alunos.

A professora pediu que respeitássemos os estagiários e que relevássemos qualquer tipo de erro ou qualquer coisa do gênero, explicando-nos que eles poderiam estar nervosos com a quantidade de alunos. Ela disse que os deixaria no comando a partir de então, dois garotos um pouco tímidos entraram na sala e foi aí que realmente me senti empolgada com a aula. Eles eram lindos. Primeiro eles se apresentaram, um se chamava Daniel, era um pouco baixo, pele morena, cabelos pretos, sorriso lindo e olhos verdes. O outro se chamava Samuel, era alto, pele clara, tinha barba, olhos e cabelos castanhos e parecia que estava em dia com a academia. Senti que soltei um suspiro e Ju ao meu lado comentou:

- Sinto que essa aula vai ser interessante! – Abanando-se com a mão direita e depois soltando uma risada.

- Será que eles são tão bons professores quanto lindos? – Perguntei.

- Quem se importa, pelo menos a aula vai ser diferente e eu ficaria com os dois – Lara respondeu-me e rimos. Muito.

Gustavo Ribeiro
Enviado por Gustavo Ribeiro em 22/02/2015
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