Imagem: Vaqueiro
(do livro Carybé, organizado por Bruno Furrer, pesquisa e biografia por Gardênia Melo)

 
Era primavera e brotavam flores na fazenda, deixando a patroa, após chegar de uma viagem aos Estados Unidos, deslumbrada com a simplicidade e a riqueza da caatinga. O vaqueiro, aprumado e vestido a caráter, se aproximou dela.
— D. Joana, a senhoris quer frutis?
— Não, Sr. José. Quero só as flores. E, amanhã, o senhor traz as buganvílias próximas do curral, por favor.
— Truxis essas pra senhoris.
— Muito obrigada, Sr. José! — fitou-o franzindo a testa, sem entender a sua fala.
— Aminhais, eu traguis mais. — disse ele, apoiando uma mão no cinto, inflando o gibão e pondo a outra mão no chapéu de couro para cumprimentá-la.
Na manhã seguinte, a senhora foi até o curral buscar as flores.
— Sr. Josis, o senhor trouxis as floris que eu pedi? — indagou com ar de seriedade.
Ele olhou para ela de forma estranha, pegou o cesto e foi ao seu encontro.
— A senhoris vais querer também as frutis que truxis?
— Sim, Sr. Josis, hoje, eu também vou aceitar as frutis — respondeu para encerrar o caso.
O gozado é que ele não falava assim antes da patroa viajar. Será que o Sr. José fez um curso de Inglês “intensivis” e o “professoris” era o Trapalhão Mussum?
 
Licia CostaPinto
Enviado por Licia CostaPinto em 27/02/2015
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