uma pequena liberdade de expressão
Um turbilhão de pensamentos rodeiam um dispositivo tão recente para se fazer revolução. As redes sociais capturam mais de milhões de pessoas em prol de alguma coisa, os pescadores do passado iriam gostar. Mas o que me intriga é que o parecer passou à importar mais do que a causa. Deixe eu explicar melhor. Hoje, deslizando o mouse sobre a minha conta em uma rede social qualquer de um cara bilionário que comprou o whats app mas perdeu o snapchat, vi uma série de informações sobre um mesmo assunto. Algo que se tornou famoso nos dias recentes, fazer manifestação. Vi pessoas tirando selfies com os policiais, vi pessoas agredindo os policiais (e vice-versa). Vi pessoas com a blusa do país, vi pessoas tentando arranjar formas de combinar o verde e amarelo para depois postar um look do dia. Vi pessoas sorrindo ao lado do congresso, vi pessoas gritando e sacudindo os seus cartazes ali perto. Quanta coisa eu vi sentada em uma cadeira, mas não quero falar sobre a vida globalizada e sedentária que as redes sociais me trouxe. Esse paradoxo me intriga. E é mais difícil entender tal fato do que decifrar aquelas equações gigantescas do ensino médio, ainda mais para uma jornalista fugitiva da matemática. Eu perdi a pauta. Já não sei mais responder as perguntas irritantes do lead, para explicar a causa disso. Para prever o futuro disso. Alguns apoiam a volta do pior período do país. Pode ser só um mito. Quando a gente recebe uma mensagem assim que está escrito para repassar, pode esperar que é mais um querendo fama na rede social verdinha do celular. Alguns só escreveram um cartaz de uma frase bacana, para ser marcado online. Como outros, queriam mesmo mudar o destino de um pais tão manchado de corrupção. Mas enquanto houver falta de informação, não vai ter solução. Enquanto ainda existir gente gritando por aí um canto de beija-flor, no mês de fevereiro, celebrando o camarote que veio do dinheiro arrancado de um povo que está sofrendo. Para só depois, em março, gritar por uma causa que nem está entendendo, e defender mais ainda os anos 60 e os seus seguidos terríveis vinte anos. Ai! Deve cansar. Porque todo esse fôlego é em vão.