Èpocas, eras e novelas

Sentada em uma cadeira pública ao lado de uma senhora que estava com o olhar atento ao seu galaxy, ela veio me pedir ajuda. Eu só queria entender porque ela não parava de piscar o olho, e logo ela me questionou onde que apertava para o teclado ficar maior. Minha filha, essas letrinhas são miudinha demais. Eu concordo, mas poxa, nem eu sabia onde apertava. Esses moços de olhinhos puxados deveriam pensar mais na sociedade idosa, mas não só neles, eu também estava custando a digitar por essa minha miopia recheada de cinco graus. Quebrei a cabeça. Até que na minha desistência, virei o celular para devolver à senhora, quando de repente o teclado fica grande. Ela achou aquilo mágico. Na verdade, era só a rotação da tela. Como não pensei nisso antes? A senhorinha ficou emocionada ao poder enxergar as letras sem esforço, e disparou-me a contar que o seu netinho de 6 anos sabe mexer nessas tecnologias como um adulto. Se para mim, há alguns dias maior de idade, já perco de 0 à 1 por uma placa de ferro chamada Iphone. Imagina para eles. Eu achei uma graça aquela senhora já ter o tal do zap zap. Eu tentei ensinar a minha avó à mexer em computador, mas ela sempre esquecia de um dia pro outro. E mesmo que lembrasse, ela deixava de lado e corria para as toalhas bordadas cautelosamente ao som da novela das 8. È engraçado o quanto ficamos enraizados em nossas épocas, mas é fato que a desconstrução se torna cada dia mais presente. Minha vó que faz bordados e cruzadinha, já comprou um mini notebook. Talvez por ser menor, aparente ser mais mamão com açúcar. A gente aprende nos livros de biologia sobre a evolução, mas a evolução está constante no presente. A mente já está programada à acompanhar tal excesso de informações, talvez por isso, os publicitários e designers produzem aplicativos voltados não para os mais velhos, mas cada vez mais, para os mais novos. Quem é do século pássado, que se vire. Mas o bom é que a nossa essência está sempre à evoluir. Ser humano é um ser curioso. Mas se o lance for chato, podemos criar a nossa máquina do tempo. Minha vó já deixou de lado o netbook. E viva o jogo da cobrinha, de um nokia aí.

Uma Beatriz
Enviado por Uma Beatriz em 20/03/2015
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