Paisagem Paulistana II
Era possível ver as luzes que se distanciavam e num longo arco ascendente ganharem altura na noite longa e se perdendo na distância.
No terraço onde nos apertávamos as pessoas passavam céleres, indo, voltando, chegando e nós ali fitando as luzes que iam e vinham.
No enorme piso quadriculado que se estendia logo abaixo, figuravam as pessoas as peças de xadrez se movimentando, certamente imaginadas pelo gênio que criou aquele piso preto e branco, exaustivamente imitado e repetido.
Na noite calma era ali que ficávamos muitas vezes juntos, apenas vendo, apenas esperando, apenas estando cada um de nós a chegar um ao outro como que tomados pela essência daquele lugar.
O café fumegante na minúscula chávena trazia algo de mais distante para nós como a nos confortar de não sermos aqueles que partiam ou chegavam, queríamos apenas ser aqueles que apenas estavam.
A noite propícia nos envolvia com suas promessas e as luzes errantes de certa forma também nos levava ou levava nosso pensamento para terras distantes.
Após algum tempo descíamos pela escada calmamente em busca do estacionamento e aí sim partíamos, plenos agora um no outro de chegadas e partidas.
Aeroporto de Congonhas.