Ele abriu a porta do carro e esperava que a nova passageira entrasse. Estava, como de costume, vestido com uma roupa pastel, com seu turbante colorido, indicando ser seguidor do Alcorão (muçulmano). Sua cor da pele contrastava com a cor dos seus olhos, sugerindo ser um indiano. O seu carro estava limpo e lustrado, estacionado, devidamente, na vaga destinada a táxi, no aeroporto Pearson International Airport em Toronto.
- Oh, meu Deus! Moço, eu não quero ir de limousine! – exclamou, em inglês, a brasileira, levando suas mãos à cabeça.
- Como assim? – perguntou um funcionário do aeroporto, provavelmente, um imigrante indiano não muçulmano, sem entender o que ela estava falando.
- Moço, eu não preciso de uma limousine. – retrucou ela, imaginando que gastaria todo o seu dinheiro em apenas uma corrida de táxi.
- Senhora, aquilo não é uma limousine! – respondeu.
- Eu só preciso de um sample car (amostra)! – explicou, desesperada.
- Como? Sample car? Senhora, acho que quer dizer: simple car (simples) ou popular car. Todos os carros são assim, compridos, deste tamanho – explicou, com ar de zombaria.
- Ah! Muito obrigada!
Ela respirou aliviada e se dirigiu ao táxi, cuja porta estava aberta. Percebia-se que o seu inglês era ótimo, mas nada como se vir com “saia justa” para derrapar na língua estrangeira. Além disso, é o desespero de quem viaja com pouco dinheiro e muito medo. Enxerga carros compridos como limusines...