Àgora eu sou gente grande

O que fazer quando os tão sonhados deizoito/1.8/dezoitão chega à tona? Assim tão rápido, que não deu tempo nem de fazer um cafézinho. Eu já vinha preparando a lista da maior idade há muito tempo, quando eu ainda era mini dos cabelos sarará e de quatro olhos, o meu desejo era não usar mais aqueles óculos. Não porque o meu apelido era patinho feio (valeu, Hans Christian!) Mas é porque nas aulas de natação eu tinha que tira-los, e por isso eu sempre batia a testa na parede da piscina. Cresci, e com 18 anos, não uso mais óculos. Mas tenho que enfiar o dedo no meu olho para pôr uma tal de lente. Bom, pelo menos realizei o meu primeiro desejo. Mais ou menos. O segundo desejo era tirar carteira, embora eu tenha tido algumas experiências sem sucesso quando meu pai resolveu me ensinar à andar de moto. Detalhe: eu tinha 7 anos, e foi em uma daquelas motos pequerruchas para fazer trilha. Eu com certeza não sei o nome, pergunto pra ele depois. Outro detalhe: ele me ensinou onde acelerava, mas não me ensinou o freio. Pensei: estamos no século XX, algum engenheiro inventou um freio automático. Pois acelerei e acelerei na varanda lá de casa, e não é que consegui enfiar a moto no tanque de lavar roupa? A mãe ficou uma fera. Mas sobrevivi para contar essa história.

Por esse ocorrido básico, meu pai não deixou eu tirar carteira de moto nunca na minha vida, eu achei foi bom. A boa noticia é que tirei habilitação para veículos, e também aprendi o freio de uma moto. De longe. Mas não vá achando que tenho uma relação amigável com o carro, esses dias fui sair da garagem e bati o carro em uma árvore. Eu e ele somos colegas, não sou tão barbeira assim, mas é que a árvore estava no lugar errado. Detalhe: antes de bater na árvore, "encostei" no murinho ao lado. O carro só amassou porque a qualidade é ruim. Eu não sou uma motorista excelente, mas realizei meu segundo desejo. Né não? O meu terceiro desejo era ser médica. Em meus sonhos, estava alegrando as pessoas e cuidando de muita gente.

Creio que se eu tivesse exercido a profissão, talvez esqueceria o meu querido Mc lanche feliz dentro de alguém enquanto realizava uma cirurgia. A verdade é que eu descobri o que eu sempre quis ser. A única coisa que eu gostava em um hospital, era gente. A relação entre gente, a história contada por muita gente. A alegria, a tristeza. O caminho de uma longa vida que cada um percorreu. Eu queria mesmo, era contar histórias para as pessoas ali, e depois escrever a história de cada um ali. Fiz jornalismo, e agora posso comer meu mc lanche em frente aos livros e bloquinhos em paz. Conclusão: Amadurecemos. Crescemos. Choramos. Sorrimos. E mesmo que o destino tenha percorrido por outros caminhos, o que nos interessa é que estamos felizes aqui. Da minha lista que surge agora aos 18 anos, sei que posso realizar. Mas vai ser do jeito que vou ser quando eu tiver 30 anos, e se não for, tento de novo. Porque enquanto há vida, há esperança. Como diz o queridinho Machado De Assis, somos uma coleção de estórias e se definir é se limitar.

Uma Beatriz
Enviado por Uma Beatriz em 09/04/2015
Código do texto: T5200435
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.