Wi-fi ou "tête-à-tête"

Negros e chicotes, pobres e esmolas. Refletir e buscar entender as diferenças desse contraponto é um desafio. Parto de que tem que haver - Alguém perguntará negros e pobres? - Não, diferenças.

Eu nasci em 62. Lá se vai século passado. Participando da construção histórica e social ajustei-me a muitas situações, outras tantas contribui para que fossem a minha cara. Assim construí minha história e a dos que juntos andaram comigo. Cinquenta anos são meio século. Dizendo assim parece ser mais. Mais tempo, mais penoso, mais elaborado, mais estrondoso. Cinquenta ou meio século é bastante tempo.

Esperei o Cometa Halley em 86!!!! Quem se lembra da indústria do seguro?

Lembro que quando jovem imaginava como seria a virada para o terceiro milênio. Tudo ia acontecer na virada. O Bug do milênio...

A primeira vez que vi televisão foi na copa de 70. Era a final de Brasil e Itália. A carreata após a vitória foi enorme, sobre ruas de chão batido.

Em 1965 a neve deu o ar da graça, e o mundo parecia em paz, contudo o frio não foi igual pra todos.

Nesse tempo as pessoas que ficavam abaladas com acontecimentos extremos eram levadas à emergência médica pelo "Sandu", hoje vão de "Samu", vermelho exuberante. Não sei se diante de uma emergência alguém se recusaria a embarcar em um vermelho, tanto que se fala em verde-amarelo. Nos idos tempos o vermelho só nas cruzes, o veículo (condução) era branco.

Minha cidade cresceu. Casei (Sou do tempo que casava, somente no civil mas casava.) e fui morar nos limites urbanos. Pela porta da frente da casa só via plantação, não é mais assim. Para além da rua onde moro tem outras tantas. A iluminação pública, alguém era encarregado de liga-la ao escurecer, poucas e parcas lâmpadas. Agora, na maioria das vias é possível reconhecer as pessoas que transitam a noite.

É inegável que houve uma tremenda transformação. As estruturas urbanas são outras, são melhores. A população se concentra nos núcleos urbanos. Os processos produtivos, mesmo os agrícolas, racionalizaram-se. O Ideal é virtual, transmitido a velocidade da Luz. Quando defrontados com processos artesanais, aflora a melancolia, como poesia, saudosa...

Evoluímos? Os negros não são mais chicoteados, mas ainda damos esmolas a pobres e incontáveis pregam a salvação pela caridade.

Só posso dizer que pobres somos todos e assim seremos enquanto houver pobreza!

Não quero falar da discriminação racial, de gênero, de orientação sexual, de procedência..., mas reafirmar que ainda somos pobres!

Hoje sei que até emergência de hospital tem Wi-Fi e confesso que a decisão de disponibilizar essa tecnologia facilita em muito a comunicação, tranquiliza os que anseiam por notícias.

Por outro não entendi porque motéis anunciam wi-fi.

Não basta disponibilizar mais e melhores estruturas, é necessário acabar com a pobreza, hereditária.