Que mistério rondava meu pai?

Que mistério rondava meu pai?

Meu pai era um homem calado.Vivíamos felizes, dentro do que era possível ser feliz. Minha mãe trabalhava muito fazia faxina, lavava roupa pra fora, tudo para ajudar meu pai a cuidar de nós.Éramos 10 filhos, uma carreirinha de crianças, os mais velhos cuidava dos mais novos. Tudo era normal, se não fosse um fato.Meu pai tinha um amor imenso por mim.Ele era frio e seco com os outros filhos, não dava um sorriso, mas comigo...era diferente.Me colocava em seu colo, dormia abraçado comigo, me agradava em tudo. Minha mãe vivia cismada, não sabia o que acontecia.Certa vez a professora reclamou com minha mãe que eu virava muito para trás na sala de aula.Minha mãe zangou-se comigo.Reclamou com meu pai.Ele ficou muito bravo.Não comigo, mas com a professora.Foi lá na escola reclamar com ela, gritou em alto e bom som para mim -.Vira para trás, quero ver se ela fala alguma coisa! Morri de vergonha. Mas meu pai guardava algum segredo.Ele nunca dizia meu nome. Sempre se referia a mim, como minha filha. Minha mãe até pensou que ele nutria um amor fora dos padrões por mim.Teve medo que ago estava acontecendo e eu escondia.. Será que ele estava abusando dela? -pensava minha mãe. Não, não estava. Eu era a sétima dos 10 filhos.Meus irmãos também não entendiam. O tempo passou, meu pai envelheceu, adoeceu. Estava cada dia mais grudado em mim.Eu me casei, mudei. fui morar em outro Estado.Meu pai mandava me ligar todos os dias, caso eu não ligasse pra ele.Quando eu vinha vê-lo ( e era todos os meses), era aquela festa.! Um dia meu pai passou muito mal, muito mesmo, estava chegando ao fim. Eu estava longe e ele começou a gritar desesperadamente:_Quero minha filha.Quero minha filha!! Minha mãe dizia a ele.Diga o nome dela.Pelo menos uma vez! Diga o nome dela. Minha mãe implorava e ele só murmurava:-...Não posso...não posso. E morreu antes de eu conseguir chegar.Sem pronunciar o meu nome.... Que mistério havia atrás deste sentimento de pai?