N Assis Chateaubriand

Na Assis Chateaubriand “

No começo do ano de dois mil ou dois mil e um estava eu me deslocando de Presidente Prudente para uma reunião em São José do Rio Preto.

Horário de verão, o sol maravilhoso da região brilhava o lado esquerdo do meu rosto, em pleno fim de tarde límpida e silenciosa com a paisagem se repetindo.

Foi em um trecho em reta e com muitos sobe e desce quando ao terminar uma das subidas eu a vi. Meu Deus! Linda demais.

Eu tinha dirigido cerca de dez quilômetros naquela reta ladeado por canavial, apenas cana, sem uma vegetação que alterasse aquela visão dormente, sem brisa.

A repetição da paisagem, na estrada, a cento e vinte por hora, hipnotiza o motorista.

O pensamento flutuava no passado e para fugir do passado e da hipnose ouvia Óperas no maior volume.

A minha posição na estrada seria tal a uma mosca, sem poder voar, em uma folha de papel verde.

Foi término de uma das subidas que a vi! Ao entrar em meu olhar apagou totalmente o que vinha cismando.

Exuberante! Tal qual uma rainha, trajando manto vermelho, majestosamente dominava seu reinado, tendo por súditos as canas e os pássaros.

Parei o carro, encostei-me em seu tronco, senti, naquele momento, ser seu súdito também.

Quis abraça-la e sorver toda a sua beleza, impossível, meu celular não fotografava.

Amei aquela árvore, ela me deu ânimo para dirigir os mais de duzentos quilômetros que faltavam.

No hotel, tarde da noite, ela voltou em meus olhos e pensei; o que estaria ela sentido, tão grandiosa e sem companhia naquela mansidão do canavial, solidão embora tivesse o prateado da lua.

O tempo passará e dela, minha magnificente árvore, terei apenas a lembrança como se tem de um grande amor vivido.

Estará sempre presente.

Carlos Gritti

23.04.2 014.

Carlos Gritti
Enviado por Carlos Gritti em 24/04/2015
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