Mau tempo, mas meu

Com a aproximação do inverno tudo toma novo sentido. Ainda estamos a dois meses do inverno, mas é como já se o fosse. É o que acontece em cidades como a minha, o Rio de Janeiro. Somos privilegiados em habitar nesta cidade. Não sei o que é morar em Porto Alegre ou Cascavel, por exemplo, mas imagino. Nem sei se me adaptaria, embora ame o inverno. Não sou fã de um calor intenso como esse por que acabamos de passar e que ainda vai em nossas lembranças. Sofremos muito, tanto para sair ao trabalho como simplesmente se dirigir a esquina a fazer o que seja. Penso comigo o que seria morar, por exemplo, em Tóquio ou em uma cidade como Viena, na Áustria. Ah! Como invejo as pessoas de lá! Parece que Deus sorteia as cidades e as distribui como prêmios ou como castigo segundo um critério que só Sua sabedoria alcança.

Enquanto escrevo sinto o frescor da brisa entrando pela minha janela sem me pedir licença. Ela é meu primeiro visitante do dia. Toma café comigo. Me acompanha ao toalete e me higieniza. Acabo de sair de baixo de um edredom que há meses me esperava impaciente lá no meu armário do sótão. Quero tomar banho frio, mas a dúvida persiste até ganhar o banheiro. Se ligo o chuveiro está quente demais, se o deixo no frio tenho que sofrer um pouco; é difícil essa decisão, mas acabo me adaptando a minha escolha repentina. Com a fúria do dia em curso o estado de espírito de acordar quer ser engolido pelo ramerrão da rotina quase sempre estressante. Mas deixar ou não que isto aconteça depende da força espiritual de cada um. Viver é um contínuo debater com as preocupações; é preciso driblá-las para se entrar com alegria na grande área do dia.

Mas iniciei esta crônica para falar do tempo. É gostoso como Deus conhece as nossas necessidades. Ele nunca nos impõe um clima acima das nossas resistências, salvo exceções. Noto que muitos preferem o calor, mesmo intenso e não gostam do frio. Percebo em muitos casos uma ligação com o medo de dias tristes, enfarruscados; medo da solidão; tristeza em dias escuros, mesmo com a chuva fininha caindo lá fora. Para mim isto é tudo de bom, pois sinto a paz da alma e de ver que vale a pena enfrentar dores, pois que a compensação está ali, ao entardecer. Um bom dia pra todos.

Professor Edgard Santos
Enviado por Professor Edgard Santos em 25/04/2015
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