NATUREZA EM FÚRIA!
Havia algo de estranho naquela manhã de outono na cidade de Kresha, algo que pudesse inquietar o tranquilo coração de Hesdras.
Kresha bela e encantadora, erguida envolta de lindas montanhas e exuberantes paisagens, de belezas monumentais, de magnificas edificações erguidas pelas mãos dos homens com as mais diversas motivações.
Os olhos de Hesdras olhavam firmemente o movimento de outros seres humanos como ele, ali estavam andando de um lado para outro, vindos de todos os cantos, sem nada aparentemente os preocupar.
Hesdras apenas observava emudecido como quem em estado traumático. Sua emoções sem se manifestar. Nenhum riso, nenhum choro, nenhuma palavra. Em sua alma pressentia o que a natureza estava por fazer.
- A natureza envia-nos suas mensagens não subliminares, dizia ele ao seu inquieto coração.
Em poucos minutos a linda e exuberante cidade de Kresha tornou-se um monturo irrelevante de elegantes construções. Os seres humanos preocupados em satisfazerem a se mesmos, os mesmos que Hesdras viu andando de um lado para outro, jaz um amontoado de cadáveres contabilizados em mais um desastre natural.
- Foi covarde a natureza com a bela cidade de Kresha,dizia ele emudecido.
- Mas como covarde? A voz da razão lhe perguntou. Se a ela não demos a devida atenção.
Hesdras quer se despertar desse pesadelo. Mas ele sabe que não está dormindo. Sabe que tudo é real. Gritos apavorantes! Gemidos de despedidas! Barulhos e mais barulhos ensurdecedores!
Ele precisa se levantar, ele precisa ajudar os que ainda precisam de ajuda.
Desorientado anda pelas "ruas" da outrora bela cidade e com equipes de salvamento em grandes tragédias conseguem retirar dos escombros um dos muitos seres humanos que durante alguns dias seriam resgatados com vida.
- Eu deveria estar entre os escombros! Eu deveria ter me sucumbido à força devastadora da natureza impiedosa. Dizia ele, com os olhos marejados observando um infante que parecia apenas estar adormecido retirado dos escombros.
Mas, não foi ele dessa vez. Não dessa vez!
Outro tremores virão. Não haverá nada a se fazer. A natureza apenas nos enviará suas indelicadas mensagens. Ai de nós se não a ouvirmos.
A cidade de Kresha será reconstruída. Um marco histórico se erguerá dizendo aos humanos kreshianos e de outras tantas cidades: A beleza erguida com nossas próprias mãos não encanta a natureza em sua fúria.
Hesdras por sua vez, decidiu continuar na Kresha em reconstrução, a se mesmo se dizendo: Aqui ainda viverei até o dia em não mais suportarei.
(Fernando Cosme, Crônica fictícia)