O caminhar do Mozart

Já jogou bola, não tanta - meu pai me adverte - mas era um moço lépido, fagueiro, com sua altura dum goleiro, e sempre viveu ali, a beira do campo gramado, jóia verde do Brumado.

Hoje, ao vê-lo dar seus passos cuidadosos, amparado em duas bengalas, vagando pelas ruas do povoado, nem há de se lembrar dum risonho passado, entre o futebol, a fábrica e os namoros vivenciado.

O sol de rachar, vindo lá do céu, não o intimida, com ele sempre lida, faz-lhe bem a infusão do calor, e o protege o chapéu de ignorada cor. O chão de pedregulhos de seu Brumado é que não quer deixar de lado, de seus passinhos, todo marcado. Talvez, a sombra se incomode, soprando-lhe ao ouvido: Mozart, aperta o passo - e o coração - se pode...senão minha paciência não mais me acode.

Paulo Miranda
Enviado por Paulo Miranda em 06/05/2015
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