E agora Leônidas?

Freio! Freia, freia... pisa no breque e nada! Na banguela fica difícil o breque falhar, mas, aconteceu! A avenida corta o seu caminho. Movimento! Faz uma última oração, pensa, ainda em vida! O trator acelera pela rua íngreme... nada de breque!

Atravessa a avenida sem atropelamentos descendo a ladeira, desenfreado, o muro entra no seu caminho! Arranhões e um galo na cabeça. Não foi desta vez, ufa! O trator com leves escoriações rosnava e bufava por cima dos tijolos espalhados pela calçada. Motoristas solícitos vieram prestar os primeiros socorros e deitar falação no fato.

“Esta tudo bem, obrigado! Estou com dor de cabeça, fora isso, resta eu ir procurar o dono da casa para avisar da situação!”

“Olha..., eles nem ouviram nada, pois, moram lá do outro lado da chácara. Deixa como esta! Eles são ricos proprietários!”

Outro senhor comenta com aspereza na voz: ”O homem é um senhor distinto e compreensível, mas, a mulher dele é pior que jaguatirica... escute um conselho não vá cutucar vespeiro com vara curta!”

Leônidas não ouve os fofoqueiros de plantão e vai procurar os donos do muro acidentado.

Dá a volta num grande pedaço de chão, passa muro, passa poste, passa galho de mangueira... passa muro, passa árvores, passa galho de laranjeira, passa pé de bananeira..., ouve o piano tocar..., até chegar no portão! Toca a campainha! Dindongdongdin...

Espera!

Demora!

Espera!

Demora!

O portão se abre e uma senhora franzina com os cabelos enrolados com bobes do tamanho de uma rodela de batata graúda vem atendê-lo.

Leônidas explica o acontecido timtim por timtim... não satisfeita a mulher pede mais detalhes. Repentinamente, ela se transforma e aos gritos pede para ele consertar o muro.

O homem explica que já esta anoitecendo, portanto, não vai conseguir um pedreiro para tocar a obra, contudo, no dia seguinte, logo pela manhã ele vai procurar um profissional capacitado para o serviço.

A senhorinha vai ficando avermelhada... grita para ele acompanhá-la até o local do acidente, e o faz colocar tábuas, galhos secos, pedaços de portas ... e, tantas outras tranqueiras no buraco.

Amanhece e o homem caminha até o local do acidente..., lá chegando, constata que, um senhor, já faz a massa e prepara os tijolos para erguer o pedaço do muro que foi ao chão.

“Dona Mariquinha me acordou às 5 da manhã para eu vir fazer o serviço. Ela não deixou ninguém dormir lá em casa... de 5 em 5 minutos ela telefonava... eita mulher desesperada! Minha esposa falou para eu cobrar o dobro pelo serviço!”

Uma semana depois Leônidas recebe a conta. Susto! Até o soluço, que o acompanha desde o dia do acidente acaba, repentinamente,...

O preço do trabalho e do material o “faz gemer na rampa”, lhe tira couro e o escalpo!