A PERERECA QUE QUERIA VIRAR SAPO-BOI.

A PERERECA QUE QUERIA VIRAR SAPO-BOI.

Sua pele era tricolor. Seus olhos eram verdeazulados. Suas patas eram bem cuidadas, pintadas sempre de vermelhão. Ela coachava alto, sempre inchava-se, porém seus olhos e barriga eram maiores do que seu tamanho. Enxergava longe, entretanto era de perto que via pouco. Seu sonho era ¨trepar¨, preferencialmente num sapo novo.

A perereca sonhava na outra encarnação ser não um sapo qualquer, mas, um sapo-boi, isto é, um sapo do tamanho de um boi. Ela ria dos sapos pequenos, caçoava deles, ria como uma hiena e coachava tentando imitar o sapo-boi. Tal perereca sonhadora não se contentava às margens de sua lagoa. De galho-brejo em brejo soltava seu barulho, e, sua toca vivia de janela fechada: via, ouvia, calava. Entocada se escutasse outras coaxando quase emudecia, fingia que não estava em casa-toca. Ela não queria ser incomodada, nem notada estar repousando. Ela, quando mais nova, acasalou-se com um sapo-rapaz, contudo ¨giólogo¨, e, ¨brejeiro¨, e, sem responsabilidade nidificante.

A perereca expulsou o jovem sapo do ninho, acobertou-o e mudou-se para uma lagoa grande e pintou-se de verde-crisol. Até que... Até que... Pintou em sua lagoa um sapo-coroa. A priori ela se fez de durona. Em companhia de outras colegas se achava a ¨melhor perereca¨ e tal. Falsa, fingindo ser bem comportada não ligava ( do celular ) para o ¨sapo-bobo-interessado¨. Ela tinha planos: fez um teste com o sapo-velho que possuía uma lagoa confortável e morava nela sem pagar aluguel. O sapo-coroa encantou-se com os olhos esverdeados da perereca. Ela fingia bem. Nem estava aí... Para aquele que a cortejava; isso era bacana. Dava-lhe flores, pirilampos, etc. Dava-lhe a maior atenção, até a levava para passeios, festas e banquetes e tinha-lhe amor-verdadeiro.

A perereca falsa loura ganhava presentes, comia do bom e do melhor, ganhou até um ninho. Todavia enganava ao saber não estar no cio. Ele romanticamente tentava e tentava ¨dar uma trepada¨. A perereca saltava ao longe e o chamava: vem, vamos nadar. E coaxava e ria alto. Depois do banho se entocava e coaxava e ria e comia e bebia e dormia.

E o sapo louco de amor por aquela perereca que queria ser só um sapo-boi ficou na saudade e na vontade...

F I M.