Perdas e angústias!

Não me assusta a proximidade da morte ou o que possa acontecer após. Não me preocupa estar eventualmente cercado por pessoas que em nada contribuem para o meu crescimento ou de outros. Nem com a violência urbana ou algum sobressalto econômico passageiro. Não valorizo a maldade humana ou a pequenez de certas atitudes do dia a dia. Enfrento a loucura, e com um pouco mais de dificuldade, as minhas eventuais insanidades. Não me sinto frágil por chorar, por demonstrar as minha tristezas e confessar as minhas dores. Falo dos meus sucessos e dos meus fracassos. Relevo as pequenas frustrações do dia a dia e as esqueço. Lembro com saudades, mas sem dor, das pessoas que se foram. Suporto as dores do crescer. Convivo com as dificuldades que a vida e a velhice me trouxeram e me adapto a elas... Mas... Fechou-se um ciclo da minha vida... E isto me assusta profundamente. O medo de nunca mais partilhar nada com a pessoa que amo e que me amou um dia... Não me ama mais... A dor e o desespero pelo amor perdido me consomem por inteiro... O luto pela morte deste amor é doloroso, atroz. Nunca mais estar ao lado dela, nunca mais ter o seu beijo, nunca mais o seu carinho, nunca mais seu abraço. Desvendei o meu coração, ofereci os meus sentimentos e os meus amores... Olhei e não fui visto... Falei e não fui compreendido... Chamei por ela e ela não quis me ouvir. Implorei o seu amor e nada recebi. Com os sentimentos em confusão, vago pela cidade e não quero ir para casa. Não quero ficar só comigo mesmo. Não quero agora, me olhar. Não quero um duelo entre pensamentos adversos e doloridos... Não quero lidar com a cruel dualidade dos sentimentos que me assolam a mente. Não quero enfrentar agora esta dura realidade que se impõe. Não sei se quero viver, ou morrer... Não sei nada... O referencial maior se foi e está perdido. A pessoa da minha vida se foi para sempre, encontrar outros caminhos e outros amores. Não está mais comigo... Não posso e não tenho como impedir de ser invadido pela profunda tristeza que me acomete e de chorar por isso. Nada posso fazer por mim agora. Nada! É a minha tragédia pessoal. Preciso vivê-la. Ou morrer por ela. Gostaria de ser diferente... Frio, calculista e objetivo como são algumas pessoas. Não posso ser assim. Não sou assim. O meu ser é de outra estirpe... Sofre... e muito! Quer morrer! O que eu desejava não se concretizou e a vida não me dará a segunda chance. Ser feliz, é impossível agora... Um dia, fui feliz. Hoje, não consigo ser. Hoje, choro as minhas perdas... São irreparáveis. Quebrou-se em mil pedaços o meu coração e despedaçaram- se e se dispersaram as minhas esperanças. Nada restou. Nada há a fazer... Fui um dia capaz de amar... De amar por inteiro, de me dedicar por inteiro, me desnudar como pessoa e como homem, confessar o meu amor... e chorar a sua perda. Não sei se posso agora... Não sei... A vida não se repete jamais.