TONTURINHA SAUDÁVEL

Sou viciado em catuaba. Sim. Sou viciado. Mas não é um vício nocivo. É aquele hábito de tomar uns goles generosos (com gelo de preferência) antes do almoço. E não é sempre. Apenas quando estou veraneando. (Gaúcho veraneia!). Esses poucos “eme-eles”(ml) sorvidos vão diretamente para o cérebro e automaticamente criam sinapses que na sobriedade não seriam possíveis. Fico imaginando George Harrison quando compôs “My Sweet Lord”, não me digam que ele estivesse sóbrio, impossível! E O Renato Russo com suas belas melodias. Ele estava são? Claro que não! Bethoven com certeza tomou umas e outras durante a composição da Nona Sinfonia. E os maravilhosos sambas que não saem da nossa cabeça, foram ou não compostos na mesa de bar numa rodada de cerveja? E o uísque? Meu Deus! Quantas soluções encontradas quando aquela graduação alcoólica inebriou a nossa massa cinzenta! Numa rodada de malte escocês, os Bee Gees compuseram “How Deep Is Your Love”, quando ouço me emociono. Winston Chuchill com seu tradicional charuto e um copo de malte não teria resistido à ofensiva alemã. Platão entre uma taça de vinho e outra não teria filosofado. A “branquinha” sempre foi companheira dos nossos antigos cantores sertanejos. Mas há um limite. Qual limite? Quando ouvimos a música “Garçom” de Reginaldo Rossi e sentimos a dor de corno. A partir daí o álcool se torna um demônio e o nosso algoz. Já nem conseguimos mais pronunciar “peremptoriamente” e muito menos “inconstitucionalissimamente”. Sinal vermelho! As pernas ficam teimosas e os olhos de peixe morto nos denunciam. Adeus imaginação e adeus criatividade! Com diz a nossa eterna e querida Wanderlea: Por favor! Pare. Agora!

Damos um tempo. Amanhã é outro dia e outra tonturinha saudável nos aguarda.

Ah, esqueci. Quando escrevi este texto, eu estava tonto...