NO QUARTO DO MEU AVÔ

O primeiro livro que eu li, foi encontrado na velha secretaria do meu Avô: Agostinho Jose Santiago Neto. Havia em nossa casa um quarto ingente onde se guardava todo acessório de trabalho do meu querido progenitor. Eu sempre mexia naquele quarto a busca de algo interessante. A tia Marica não gostava que bulisse naquela mesinha onde seu pai tinha escrito tantas coisas do passado. A minha admiração maior era pelos tinteiros, as penas, as atas da câmara e outros belos escritos. Nesta velha escrivaninha tinha bons livros, bons cordéis que o meu saudoso avô os lia. Não havia encanto maior para mim do que aquele quarto e aquela mesinha com duas gavetas superlotadas de livros fantásticos. Em uma das gavetas encontrei de Coelho Neto: Firmo Vaqueiro e outras crônicas, os dozes pares de França que me chamou sempre atenção pela beleza da leitura e o autentico conteúdo. Quase todo dia eu tinha que entrar naquele quarto para ler aqueles bons compêndios e aprender aquelas historias maravilhosas. Quem nunca ligou para minha aventura literária foi a ti Ana Rosa que pouco prestava atenção a tais coisas. Foi lendo nesta secretaria que descobri o meu gosto literário que ate hoje eu cultivo com muito prazer. No quarto do meu avô além destas preciosidades tinha também a velha indumentária de Agostinho Jose Santiago Neto pendurada num cabide onde sempre parei para olhar o chapéu de massa, o laço de fita e a gravata preta que o meu genial avô usava. A tia Marica tinha um ciúme enorme destas coisas que foram do seu genitor. A minha outra tia Josefa Rosa de Santiago nunca me repreendeu com relação a eu entrar naquele quarto e mexer com aquelas coisas antigas. O meu verdadeiro fito era os bons livros, os tinteiros, os livros de cordéis e aquelas folhas de papeis escritas pelo meu progenitor numa letra autentica que me deixava morto de inveja. Eu não sei dizer qual o grau de estudo do meu avô, no entanto sei que ele foi um homem de muita leitura e muito siso. Foi ele vereador duas vezes no nosso querido município Russano. Que saudade eu sinto deste tempo tão bom que faz eu chorar. Nada marcou mais a minha vida do que o velho quarto do meu avô e a sua mesinha de escrever. Neste belo quarto eu me entretinha o dia inteiro, bulindo nos livros do meu progenitor e lendo os melhores textos de grandes escritores. Naquele local proibido de entrar, só tinha acesso eu e a tia Marica, porque ela ia buscar alguns compêndios antigos para ler e passar o conteúdo para mim e outros amigos da cultura brasileira. Registrei com muita saudade este momento de minha infância órfã, porém muito boa.

Poeta Agostinho
Enviado por Poeta Agostinho em 10/07/2015
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