VIDA SOFRIDA DE ADOLESCENTE NA DÉCADA DE 60 – PARTE UM

Ele estava entrando na adolescência, 13 anos, será que era adolescente?

Mas então, os hormônios estavam transbordando. A vontade era demais, quase uma tortura. As incursões solitárias estavam a causar efeitos. Não era espinha no rosto e nem calos nas mãos, era algo bem mais mental do que físico. Quando conseguia alguns trocados, comprava aqueles “catecismos”, que somente eles daquela geração sabem o que foram: pequenas revistas em quadrinhos. Acho que até eram clandestinas, sobre conquistas amorosas e muita ação mesmo, era o filme pornô da época. Passavam de mão em mão, era uma festa para a gurizada. Nem pensar em mostrar para as gurias, era exclusivo de “macho”. Depois de uma sessão de leitura no banheiro, olhavam as meninas de soslaio, imaginando a vida real... Eles não se cansavam, era muita energia!

Mas o tempo e a idade cobravam uma ação mais contundente e digna. Estava na hora de colocar em prática todo aquele conhecimento teórico. Até que apareceu uma alma caridosa e vendo todo aquele seu sofrimento, um senhor de meia idade o convidou para fazer uma visita numa de suas conhecidas. Disse que iria levar-lo na casa da tia Maria. (Desculpem-me as “Marias”, mas é este o nome que eu lembro.) Era perto da sua casa, no mesmo bairro, era discreta, talvez.

Durante aquele dia, que eles combinaram o evento, a expectativa era imensa, recordava as revistinhas e pensava ele: “ Vou fazer de tudo naquela mulher, farei isto, farei aquilo!

Para sair de casa teve de dar uma desculpa esfarrapada. Lá chegando, início da noite, o tio estava lhe aguardando: “ Vamos lá guri, vamos botar este pinto para funcionar de verdade! Seu sorriso foi amarelo...

Estava escuro lá dentro, o cheiro era estranho. Perfume forte de mulher, dos baratos, só podia ser. O tio lhe mandou sentar na sala e esperar.

Ele tremia “feito vara verde”! Olhou em volta, o ambiente era bem pobre, a lâmpada no teto daquela pequena sala era bem fraquinha. O tio tinha ido lá aos fundos da casa fazer não sei o quê. De vez em quando ele, o piá, escutava uns gemidos e gritos! Meu Deus! O guri estava em pânico.

Passado algum tempo, para ele uma eternidade, abriu-se uma porta, que ele nem tinha notado que existia, saiu um mulato bem maior e muito mais forte que ele e atrás, ela, a contratada do tio para. Olhou-lhe de cima a baixo e falou: - Então és tu? (Ele estava cristalizado). - Oh Fulano, é este o guri? O tio respondeu lá dos fundos: - Isso mesmo! Trata bem, é a primeira vez!

Deve ter morrido de vergonha, só pode!

Ela agarrou-lhe pelo braço e o arrastou para o quarto, sentou na cama e colocou os “tetões” à mostra, o pivete quase desmaiou! Não era desenho, eram de carne! Não sabia se os agarrava ou só olhava. Vendo a sua hesitação, a experiente mulher pegou as suas mãos e as colocou sobre eles. O guri teve um frio na espinha e na barriga. A parte de baixo automaticamente despertou!

- Tira a roupa guri! – disse ela comandando a ação.

Foi um horror! Sessão pastelão! Então ela abriu o roupão, já estava em pêlo, deitou, e lhe mandou deitar sobre ela. Deve ter pensado: - É hoje!

Foi um fiasco! Foi um vexame total, e ainda mais com fimose. Triste lembrança! Ficou marcado na sua memória nas últimas décadas. Foi um espetáculo degradante!

Sinceramente, ele não sabe se foi aos “finalmente”, a única coisa que lembra, foi ela perguntando: - Deu guri? Ele não lembra o que respondeu. Talvez nem tenha se despedido, foi direto apressado para casa.

No trajeto, sua cabeça estava embaralhada, uma mistura de satisfação e frustração ao mesmo tempo. Mas uma coisa ele tinha certeza, agora era homem, já tinha estado com uma mulher de verdade! Na sua cabeça estava matutando como iria contar esta saga para os seus amigos: “ Vocês são uns piás, eu já sou um conquistador, macho atuante, terror das mulheres, faz e acontece”...

Pouco tempo depois, ele se perguntava: - Tá, e agora, vai ficar só nisso?

Voltar lá, sozinho, a vergonha e a timidez não deixavam. Teria que ir a luta!

A partir de então, todas as fêmeas tornaram-se alvos. E foi uma longa epopeia!