A Cachorra
 
Me alembrei agora, revendo a estória de a Xuxa ter batizado as cachorras dela de Angélica e Mara, que estou a lhes dever um causo. Esse aconteceu há uns anos, lá em Boa Viagem.

Eu tenho uma amiga querida demais da conta, a Biana. Quero bem demais, a ela e à família. Inclusive casou com um primo meu por parte afetiva.

Em dois mil e não sei quanto porque de datas esqueço, a Biana estava prestes a dar à luz a Luana. E toda vez que eu ia a Boa Viagem só tinha dois destinos: minha casa e casa da Biana. A gente andava junta pra cima e pra baixo.
Não sou pessoa que troca de amigos, eu somo. Uma vez amigos, para sempre seremos, a menos que a outra parte não queira.

Apois. Certa noite eu cheguei na casa da Biana e a encontrei de saída. Ia visitar uma conhecida que tivera neném e estava muito curiosa com esses negócios de parto, o antes o durante e o depois. Fomos juntas à casa da conhecida.
Chegando lá, uma criança linda dormia no berço e uma jovem deitada na rede cumprimentou a minha amiga com um beijo. Apertamos as mãos em franca cordialidade.

E começaram a conversar. Contou tudo, desde que a bolsa rompeu, passando pela dor inclusive a placenta e os pontos. A Biana fazendo perguntas e eu ouvindo atentamente, balançando a cabeça.
Nisso a jovem olhou para mim e disse "Você já tem filhos? Pois que fica o tempo todo concordando com o que digo!"
E eu, na minha naturalidade tão conhecida por todos, respondi que não, "mas eu tive uma cachorra que deu à luz seis filhotes e eu acompanhei todo o processo."

Oh, rapaz. Pra que. A jovem ficou indignada.
"Mulher, tu tá me comparando com uma cachorra?"
E eu, sem entender a indignação:

"Mas não é a mesma coisa?"
Srta Vera
Enviado por Srta Vera em 12/07/2015
Reeditado em 12/07/2015
Código do texto: T5308793
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