VEJA BEM

Kardek, quando organizou o Livro dos Espíritos, em algum momento fez menção aos serviçais, escravos ou coisa parecida. Justo entender que na cultura da época este entendimento fazia-se presente. Tudo muito natural, pra época. Desatualizado e impróprio pra nossa época e cultura. Entretanto, não se exclui o valor deste grande autor espírita.

Algumas seitas budistas fazem menção à mulher como servidora do homem, tal como a cultura da época em que foram fundadas, assim entendiam: O homem fazia-se superior a mulher e muitos escritos foram feitos para que a mulher aprendesse a maneira mais harmoniosa de servir o homem.

Quase a totalidade das religiões tem claro este comportamento: fazer da mulher uma subalterna ou exaltar a sua condição de submissa.

É uma cultura patriarcal que envolve quase todo o planeta. O que fazer?

Os discípulos de Cristo eram todos homens e a eles coube o legado de espalhar a Palavra.

Quantos filósofos a humanidade gerou e quantas filósofas? Parece que a arte de pensar foi prerrogativa dos homens.

Os maiores compositores que a humanidade conheceu foram todos homens.

Somente no século vinte as mulheres conquistaram alguns direitos civis à custa de muitos sacrifícios.

A religião Católica tem Papa e padres. As Madres são apenas coadjuvantes na Igreja.

Rabinos, Aiatolás, Líderes Muçulmanos, Chefe de Igrejas, Líder Tibetano, etc., são homens.

Estamos no século 21 e afirmamos diuturnamente que, homens e mulheres são iguais. Desde que a mulher nos sirva. Mesmo que o homem não trabalhe e ela sim, ainda o homem é o chefe da casa. Mesmo que ela trabalhe fora, ainda sim o serviço doméstico continua sendo dela.

E, ainda temos petulância de ensinar a igualdade, escrever milhares de páginas pregando o amor, a caridade e quando chegamos aos nossos lares, sentamos a mesa e aguardamos que a “nossa igual” venha servir-nos. Esperamos que a “nossa igual” esteja linda e cheirosa para servir-nos, embora chegássemos fedido em casa. Educadamente ela nos serve e pergunta:

- Como foi o seu dia?

- Hoje foi cansativo, dei duas palestras.

- E qual foi o tema?

- A primeira foi sobre caridade e o amor às pessoas. Foi num Centro Espírita. A segunda foi numa Escola, sobre os direitos de homens e mulheres. Falei que o homem é igual à mulher e que Deus não faz distinção entre os dois. Mais do que a luta pelos seus direitos, a mulher deve contar com a ajuda do marido e o seu completo apoio. O pessoal gostou muito, teve horas que fui muito aplaudido.

- Que bom marido! Quer mais alguma coisa, pois eu quero descansar um pouco. Hoje o dia foi corrido, as crianças...

- Ah lembrei-me, me vê uma camisa limpa que eu tenho que sair de novo.

- Ué, marido, esta hora?

- Pô, mulher, somos iguais: nenhum questiona o outro.