Mensagens que edificam - 79

A consciência do exclusivismo foi o grande marco na construção de uma concepção religiosa que visou determinar para o mundo inteiro o que seria o absolutismo incontestável da concepção do transcedental e a relação do homem com o mesmo. No entanto, é inexaurível deixar claro, não por conclusões particulares, mas por evidências históricas, que o que se obteve nesta intenção foi um mosáico de ideias pré-concebidas e práticas antigas que foram adaptadas à uma realidade que satisfizesse este conglomerado de dogmas, preceitos e histórias, diga-se de passagem, muito mal elaboradas, mas que apesar de tudo, com a cooperação dos dominadores destas sociedades que absorveram estes fundamentos, acabou por se expandir e ser tornar esta pseudo-verdade que hoje é tida inconscientemente, por tradições e impregnações culturais como algo intocável. Não é necessário ser um doutor ou um mestre em qualquer área que especule relatos históricos e não diga apenas assim seja para tudo que se lê, mormente num livro que é apresentado como a cartilha do divino, e assim o chamam de sagrado, e classificam quem ousa questioná-lo de herege, blasfemo, inconsequente, pecador, ateu, e outros adjetivos mais que conotem que tal atitude é passiva de graves punições por parte do deus que é relatado nesta literatura. As controvérsias aparecem de maneira escancarada de capa a capa, mas a cegueira que toma as mentes dos que herdaram estes princípios de fé inquestionável é tanta que para toda discrepância haverá sempre uma resposta sem fundamentos para justificar o injustificável. Para início de análise é inadmissível que qualquer publicação que traga o argumento de ser a mais pura revelação de Deus à humanidade seja farta de erros e contradições. Por lógica, cada livro que compõe esta biblioteca manual deveria ser concordante entre os demais e a perfeição de igual modo teria por obrigação que ser a principal qualidade deste compêndio, uma vez que a sua inspiração é apresentada como sendo divina. Considerando a perfeição de Deus, como admitir que o objeto que traduz graficamente a sua personalidade e o seu caráter não seja perfeito? A maior das aberrações ao abordar este tema é constatar a petulância de um povo que cobra para si a exclusividade na revelação e a detenção de nação eleita. Reclamar tal coisa é na melhor das hipóteses a maior das insanidades de imposição social detectada na história do mundo que conhecemos. Digo social porque o objetivo por trás deste grande projeto foge qualquer gesto que se limite a atividades de culto e veneração, mas de domínio e subjugamento de outros povos, ainda que isto tudo tenha custado baixas grotescas, tais como extermínios de mulheres, velhos e crianças. Há duas citações muito claras na bíblia que Deus não faz acepção de pessoas, proferidas por Pedro e por Paulo (Atos 10:34 e Romanos 2:11), e convém abrir aqui um parêntese para registrar a ausência de provas históricas da existência destes homens, bem como de praticamente quase todos os nomes relevantes que integram a narrativa do Gênesis ao Apocalipse. Pois se Deus não faz acepção de pessoas, como justificar uma infindade de passagens onde o povo israelita é apresentado como nação eleita e povo escolhido? Como conciliar ausência de acepção e atitude de exclusivismo? Quando as verdades são expostas e estas perfuram o ego e o narcisismo de um fé conceitual e absolutista a resposta imediata é que não nos convém confrontarmos as atitudes de Deus e que os seu mistérios devem ser simplesmente aceitos e acatados. A explicação por parte de qualquer religioso, mormente judeus e cristãos protestantes ou apenas católicos é que não nos convém saber mais do que devemos. Vem outra pergunta: de quem é esta premissa que eu devo me limitar a aceitar tudo que me foi imposto como a tradução máxima da verdade de um deus todo poderoso, quando esta afirmativa parte de um povo que reclama para si esta petulante ideia da consciência do exclusivismo. Devo lembrar que muito antes de qualquer relato escrito que compreende as “sagradas escrituras” já tínhamos registros de sociedades muito mais antigas com suas organizações e suas convicções sobre divindade e sua relação com o homem. Para finalizar esta pequena dissertação, tudo isto declara uma tremenda falta de respeito, especialmente com os povos asiáticos e mesmo do próprio oriente que por não se enquadrarem nas pretensões de dominação semita são adjetivados como pagãos. Quem é o verdadeiro pagão nesta história, onde para que eu tenha direito a alguma herdade celestial tenho que comer nas mãos dos hebreus?

Lael Santos
Enviado por Lael Santos em 19/07/2015
Código do texto: T5315935
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