Uma jornada pelo tempo

São duas horas da manhã, poucos arriscam uma jornada pelas solitárias ruas da cidade, mas nada tenho a perder. Mesmo assim, continuei...

Passei por aquela velha casinha de esquina, mal assombrada. Senti saudades, emoções vieram em fortes palpitações. Dali mesmo, desci até a pracinha do bairro Santa Luzia, local onde soltava pipas. Desci pela Avenida Brasil, até esquina da Rua 37, onde havia um velho pé de tamarindo, onde sempre estávamos correndo da dona. Passei pelo brejinho, e pouco acima na Rua 35, onde pegávamos pitanga no colégio Luiz Gonzaga, onde estudei por algum tempo. Nunca me esquecerei das gincanas de diversas modalidades na rua, organizada pelo Lampião. Saudades de um tempo em que brincávamos até tarde da noite e não havia perigo.

Gritos ecoavam pela rua, eram as mães chamando para tomar banho ou dormir. Brincadeiras sadias, divertidas e saudáveis. Acreditem, havia um mundo fora do virtual. Jogávamos pião, bola, soltávamos pipa, pique esconde e por ai vai. Aos poucos, o tempo foi passando e a realidade foi se delineando à nossa frente.

Já são quatro horas da manhã e estou chegando agora em casa, vi muitas coisas boas, relembrei momentos impares na minha vida, das brincadeiras, do momento em que aprendi a andar de bicicleta e quase quebrei o nariz nas árvores, escondendo nos becos das ruas, vidraças quebradas com estilingue. Poucas crianças de hoje saberão o real prazer de brincar nas ruas, andar de bicicletas e conversar até tarde da noite, sem conviver com o medo que infelizmente adquirimos com o passar do tempo e que a modernidade tirou o prazer que tínhamos quando crianças.

Goianésia, 19 de julho de 2015...

Aureliano Peixoto
Enviado por Aureliano Peixoto em 20/07/2015
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