A Lua
A propósito da Noite das Estrelas do Planetário Rubens de Azevedo, lembrei-me de um ocorrido com a minha pessoa no começo da vida acadêmica.
Todo ano a Universidade Federal do Ceará realiza a Feira das Profissões, evento voltado para os estudantes do ensino médio conhecerem os cursos da UFC, conversarem com alunos e escolherem o que querem estudar. Se o calouro não gostar do curso que escolheu ainda existe a chace de mudar para o curso que quiser, contanto que haja vagas e ele tenha um bom Índice de Rendimento Acadêmico, o IRA.
Mas ira eu tive foi uma noite com o povo da Física. Eu tinha me inscrevido para ser monitora do meu curso, Filosofia, e ficar no estande para atender aos alunos que se interessavam pelo tema. O povo fazia muita marmota, escreviam frases de Nietzsche, se vestiam de gregos com direito a túnicas e coroas de louro, até um litro de cachaça empalhada penduraram no estande. Eu bolava de dar risada.
Apois. Eu gostava demasiado de dar voltas e voltas no espaço revendo os amigos da Biologia, olhando os experimentos da Química, a cara mofada do povo das Letras. Então cheguei ao estande da Física. Era uma noite esplêndida de quarto crescente.
Os alunos, não tendo o que fazer, instalaram um telescópio de longo alcance para quem quisesse observar a Lua e eu, também sem ter o que fazer, entrei na fila. Quando chegou minha vez e eu botei o olho no buraquinho da lente, ô decepção. Vi só um negócio cinza, horroroso, cheio de crateras.
Eu fiquei muito indignada. Reclamei com o professor, aquilo não era coisa que se fizesse, tirar toda a poesia de uma Lua coberta de luz pelo seu amado Sol e exibir "aquilo" para nós. Era imperdoável. Poderiam ao menos ter posto um aviso aos poetas, censurado nossa entrada inclusive.
Nunca mais me esqueci daquela coisa feia. Hoje, quando faz um luarão de voar as bandas e eu olho para a pérola do céu, só me lembro de como ela é feia de perto. E me lembro também de só deixar que me fotografem de longe.
Todo ano a Universidade Federal do Ceará realiza a Feira das Profissões, evento voltado para os estudantes do ensino médio conhecerem os cursos da UFC, conversarem com alunos e escolherem o que querem estudar. Se o calouro não gostar do curso que escolheu ainda existe a chace de mudar para o curso que quiser, contanto que haja vagas e ele tenha um bom Índice de Rendimento Acadêmico, o IRA.
Mas ira eu tive foi uma noite com o povo da Física. Eu tinha me inscrevido para ser monitora do meu curso, Filosofia, e ficar no estande para atender aos alunos que se interessavam pelo tema. O povo fazia muita marmota, escreviam frases de Nietzsche, se vestiam de gregos com direito a túnicas e coroas de louro, até um litro de cachaça empalhada penduraram no estande. Eu bolava de dar risada.
Apois. Eu gostava demasiado de dar voltas e voltas no espaço revendo os amigos da Biologia, olhando os experimentos da Química, a cara mofada do povo das Letras. Então cheguei ao estande da Física. Era uma noite esplêndida de quarto crescente.
Os alunos, não tendo o que fazer, instalaram um telescópio de longo alcance para quem quisesse observar a Lua e eu, também sem ter o que fazer, entrei na fila. Quando chegou minha vez e eu botei o olho no buraquinho da lente, ô decepção. Vi só um negócio cinza, horroroso, cheio de crateras.
Eu fiquei muito indignada. Reclamei com o professor, aquilo não era coisa que se fizesse, tirar toda a poesia de uma Lua coberta de luz pelo seu amado Sol e exibir "aquilo" para nós. Era imperdoável. Poderiam ao menos ter posto um aviso aos poetas, censurado nossa entrada inclusive.
Nunca mais me esqueci daquela coisa feia. Hoje, quando faz um luarão de voar as bandas e eu olho para a pérola do céu, só me lembro de como ela é feia de perto. E me lembro também de só deixar que me fotografem de longe.