Amor nunca é demais

Gosto de driblar o desencanto com positividade, por isso, mesmo que eu esteja triste, torço pra que a pessoa seja feliz depois de mim, depois do fim entre nós. Que encontre alguém que a faça sorrir novamente. Um alguém que dê a ela o que eu não pude dar. E algumas pessoas podem querer diminuir o meu amor, dizendo: "Ah, então você não ama". Porque confundem amor com tantas coisas, como possessividade. Como se o amor só valesse na cobrança, no sufoco, no eterno estar em cima. No vigiar constante, na obsessão que não se cansa de bolar estratégias de combate.

Eu geralmente saio de cena de cabeça erguida. Procurando entender os meus tropeços. Vou até os 45 minutos do segundo tempo. Até evito a prorrogação pra evitar que os remendos estraguem o que já foi bela estampa.

Eu fico de longe, torcendo, lançando energia positiva. Porque dentro de mim sei o que sinto. Sei os vazios que ficaram. As dores que não curaram. Mas o duelo é comigo mesmo. Não posso deixar minhas ânsias invadirem o espaço do outro.

A vida me ensinou a ter paciência. Paciência no sofrer, no plantar e no colher coisas novas. Sei o que posso fazer por mim. E não posso cobrar do outro as palavras mais certas que eu esperaria ouvir quando ele, na verdade, quer ficar no tempo do seu silêncio.

Como não gosto tanto que me incomodem, que invadam o meu espaço, procuro também não fazer isso. Porque acredito que haja dignidade no sofrer. Se você ama, você sofre por não ter a pessoa. E cada um dá uma resposta para a dor que sente de forma diferente.

Na verdade, cobramos do outro que ele sinta e sofra como nós. E pode acontecer de ele estar sofrendo e sentindo igual a nós, mas resolveu reagir de outra forma. As reações são diferentes. E não vamos culpar o outro por ele parecer ter superado tudo mais fácil que você. O tempo de cada um é diferente. E o tempo ensina. Acalma. Temos que saber dar tempo. Não é ficando em cima que vamos ter a atenção que acreditamos merecer. As vezes é necessário afrouxar os cintos para respirar. Deixar ir pra ver se volta. Porque o voltar deve ser espontâneo. E um simples perguntar: "como você está?" deve ser respondido com o coração, sem nenhuma amarra ou raiva ou tentativa de se mascarar os sentimentos.

Na dúvida, aposte com o coração. Porque só o tempo pode suavizar a dor e nos dar um bom entendimento do que passou. E quem amou de verdade sabe dos elos que ficou. Daquilo que um dia foi importante para unir duas pessoas. Porque encontros amorosos nunca são por acaso.

Por isso continuo torcendo para que a pessoa seja feliz, porque isso é a forma de dar continuidade ao meu amor. E amor assim, nunca é demais.

Raul Franco
Enviado por Raul Franco em 23/07/2015
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