Fonte de inspiração, piscina dos pardais
Chove, chuva.
Esfria, lava, dá vida a quem implora ao céu por água para matar a sede.
Chove, enche cisternas, barragens, açudes. Inunda o rosto do sertanejo com um sorriso de orelha a orelha.
Chove, faz o verde tomar conta das lavouras, garantindo o sustento de milhares de irmãos.
Chuva fria, torna a temperatura mais agradável. Permita um sono melhor, aproxima os casais, encha a boca seca do vira-lata que corre de um lado para o outro da rua sedento, buscando cada gota d´água como o combustível para continuar a sofrida caminhada.
Chuva. Fonte inspiradora de poetas, compositores, afrodisíaca, encantadora, gotas de sedução, mistura de sentimentos e sensações que permanece transparente até cair no chão e se misturar com a sujeira produzida por nós. Chuva, companheira dos solitários, remete nossos pensamentos aos ausentes.
Chove nos quatro cantos, chama a meninada para as bicas, forma “piscinas” nas ruas para que os pardais mergulhem e se remexam de felicidade.
Chuva, lágrima das nuvens, lava nossa alma. Faça sua parte, não ligue para quem diz que você castiga, atrapalha, prejudica. Você é límpida, sincera, batalhadora, persistente, não pára diante de nenhum obstáculo.
Se de grão em grão a galinha enche o papo, de gota em gota você promove o milagre da vida, que brota do chão para servir de alimento a todos nós.
E como em mais uma maravilha da natureza, um dia você dará lugar ao sol, que completará o quadro pintado com uma arte tão pura, tão singular e ao mesmo tempo tão complexa.
Que a chuva nos livre dos males que estão por aí, imundos, podres, traiçoeiros.