Vitrine

Na prateleira de uma loja de brinquedos, tudo atraía os olhares dos pequenos visitantes, principalmente os carrinhos com luzes e sirenes, as bonecas (cada vez mais humanizadas), as bolas coloridas e os eletrônicos, estes eram bastante disputados e vendiam rapidinho. O gerente, satisfeito, estava sempre repondo o estoque.

Mas, naquela prateleira, havia um objeto que quase ninguém notava e já estava ficando empoeirado pelo tempo que se encontrava ali. O encarregado, no entanto, achava-o tão bonito e sempre o deixava lá, junto dos demais. Tratava-se de um objeto pequeno, um enfeite, um bibelô, uma rosa de cristal que adquirira em uma de suas viagens. Já estava lá há muito tempo. Todos que a observavam achavam-na muito bela, porém, por ser tão frágil, preferiam não tocá-la; aqueles que a tocavam tinham medo de quebrá-la e, por isso, mantinham uma distância segura dela.

E assim, dia após dia, ela foi ficando mais e mais esquecida, indo cada vez mais para trás, tornando-se quase imperceptível, até que, um dia, uma criança descuidada esbarrou na prateleira e tudo veio abaixo: bonecas, carrinhos, bolas... foi um estrondo e no final eis que todos ouvem um som fino, porém estridente de algo se quebrando. Era a rosa de cristal que se despedaçara. Então o inesperado acontece: todos lembram-se da rosa e passam a lamentar sua perda. O próprio dono da loja lamentou-se de não tê-la levado para casa, já que a admirava e os clientes não se interessavam por ela. Bem, não demonstravam interesse até aquele momento, porque agora o que se ouvia era uma série de lamentos. Uns diziam “Oh, ela era tão linda, sempre quis comprá-la, mas tinha medo de que se quebrasse ao meu toque”, outros afirmavam “teria ficado linda em minha casa, devia tê-la comprado...”

Sem remédio, o gerente catou os estilhaços e percebeu que jamais poderia juntá-los novamente. Sua rosa, tanto tempo esquecida, era o centro das atenções. Mas, agora, era tarde demais, tarde demais...

LLuz
Enviado por LLuz em 25/07/2015
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