Mensagens que edificam - 85

Quando as nossas convicções são postas em questionamento, temos duas vias a seguir: primeiro, precisamos saber os fundamentos daquilo que temos por conceito de verdade para defendê-las com argumentação que convença quem queira nos arguir. Se assim não o for, como um segundo caminho a ser tomado temos o direito de simplesmente nos calarmos. Há um ditado que diz que quem cala consente, mas na prática isto não é aplicável, uma vez que o silêncio é um direito atribuído sem com isso imputarmos a nós mesmos culpabilidade ou cumplicidade em quaisquer situações onde um possível interrogatório seja instaurado. Não estou aqui falando de nada que entre no campo da justiça ou da jurisprudência, em absoluto, digo sobre situações triviais em que até mesmo os nossos amigos querem saber um pouco mais sobre o que pensamos e qual o nosso julgamento sobre este ou aquele assunto, sem que isto nos incomode ou cause constrangimento, considerando que é natural que em qualquer ambiente de convívio as pessoas querem naturalmente se conhecer, e isto implica muitas vezes em divagações ou abordagens profundas até mesmo como um desabafo. Não adquirimos conhecimento ou atribuímos conceitos para trancá-los dentro de nós mesmos. O sentimento de partilha vai além de coisas palpáveis chegando ao patamar das coisas que povoam nossos pensamentos. Isto é o que realmente determina qual impressão que temos a respeito do nosso ambiente natural, e isto inclui família, círculo de amizades, colegas de trabalho, profissionalismo, vizinhança e como não poderia ficar de fora as nossas concepções de religiosidade e fé. A humanidade, tal como um vício desenvolveu uma necessidade quase que vital, ou mortal, de estar envolvido numa condição que possa definí-lo no aspecto religioso. Por vezes este último quesito chega a criar limosidades no convívio, sabendo que a nossa confissão de espiritualidade pode nos aconchegar ou nos afastar de determinadas pessoas e grupos. Infelizmente isso leva em casos extremos à chamada intolerância religiosa, o que pode para além de rompimentos de laços fraternos e amigáveis levar povos às guerras, as chamas “guerras santas”. Basta assistir os telejornais para acompanhar diariamente os embates violentos e as atitudes monstruosas que os seres humanos chegam a praticar em nome de uma divindade, de um livro, de uma fé e na defesa de suas convicções absolutistas. O mundo seria bem melhor se o respeito pelos pontos de vista, em quaisquer aspectos fosse a tônica que regesse qualquer linha de raciocínio e de convívio. Não penso em um mundo sem muros, nem em quintais compartilhados, pois todos nós temos nossas particularidades e são estas singularidades que precisam ser reconhecidas e acatadas. O sol nasceu para todos, e se alguns o vêem como algo a mais do que uma simples estrela incandescente, e por isso o reverenciam, não é problema meu.

Lael Santos
Enviado por Lael Santos em 28/07/2015
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