BRIGADEIRO "CINCO ESTRELAS"

Pois não é que me incomodei!

Foi numa quinta feira, dia 30 de Julho. Estava eu em Cidreira, a melhor praia do Rio Grande do Sul. Era próximo ao meio dia e havia uns jatos da FAB sobrevoando a área. Podia ser algum exercício, talvez. Era hora do almoço e aquela barulheira estava deixando-me nervoso. Sentei a mesa e ao me servir, de novo, iam e voltavam, e eu comecei ficar irritado. Levantei-me e fui para o pátio e olhava o céu, só ouvia o barulho, meio “cegueta” não conseguia enxergar as máquinas. Pensei cá com os meus botões: será que este pessoal não tem hora de almoço ou o fuso horário deles entre Canoas e Cidreira é diferente. Peguei o celular e liguei pra Base Aérea de Canoas: - Alô! É da Base?

- Sim.

- Quero falar com o comandante.

- Um momentinho.

- Comandante, aqui é o 70-120 Clos, estou aqui em Cidreira tentando almoçar em paz e tem um pessoal teu fazendo barulho na minha cabeça. Pede pra dar um tempo, isto não é hora comandante.

Do outro lado da linha foi um silêncio estarrecedor de meia dúzia de segundos, até imagino o que o comandante estaria pensando: Este cara ou é louco ou “está me zuando”. Pois, também por este número, que só pode ser da EPCAR, o cara já é Tenente-Brigadeiro ou mais. Na dúvida...

- Tudo bem senhor, vou mandar os meninos de volta.

- Obrigado Comandante.

Minha mulher estava me fitando e de queixo caído disse: - Eu não acredito que tu fizeste isto! Quando a gente voltar pra Porto Alegre, vamos direto pro Geriatra trocar a tua medicação por uma mais potente!

Passaram alguns minutos, um barulho foi crescendo, crescendo, um dos jatos deu um rasante que estremeceu a cidade. Corri lá fora pra mostrar o dedo médio em riste, mas já era tarde, ele tinha sumido no horizonte.

Depois disto almocei em paz, tomei meu remedinho de tarja preta e fui tirar a soneca da tarde.