A GAVETA

A vida passa num galope. A gente vai tentando de tudo, tudo que vemos e tudo que nos sugeriram. O tempo vai passando inexoravelmente. Ficamos como empregado aqui e ali; tentamos um concurso público; colocamos um comércio; fazemos um curso de Empreendedor porque o fulano fez e deu-se bem. Lemos livros de autoajuda. Acendemos uma vela para o santo. Fazemos promessas. Tentamos a sorte na loteria. Comentamos que o amigo está bem de vida fazendo tal coisa. Em tom de admiração falamos que muitos magnatas começaram do zero. Vamos aos templos pedir ajuda para que os nossos caminhos se abram. O esforço é contínuo e muitas vezes cansativo. Aprendemos que não devemos desistir jamais. É o que fazemos diuturnamente. Muitas vezes ficamos acabrunhados e desiludidos e num momento de ócio abrimos uma velha gaveta, lá está ele, o origami. Pegamos com todo o cuidado pra não amassa-lo e o admiramos. Vem à mente o quanto deu satisfação fazer aquela peça e o quanto admirado fomos pela arte que fizemos. É neste instante que uma centelha divina invade a nossa mente e nos revela: fazer o que gostamos, este é o segredo.

Um professor que ama o que faz, passará a vida professorando e viverá feliz. Um motorista que ama o que faz, o fará sempre e será feliz. Um empresário bem sucedido será feliz com o que faz e tenha certeza que não é pelo dinheiro que ganha.

Se o origami é o que nos deixa feliz, é o que faremos e não passaremos em branco nesta vida.

Não importa o que se faça desde que o que fizermos nos deixe feliz e realizado. Esta é a resposta ao enigma da vida.

A vida é muito curta para que percamos tanto tempo buscando incessantemente alternativas. Deus as deixou dentro da gaveta, basta abri-la.