Minha "sozinhês"

Inventei uma palavra (desculpem os linguístas, mas vou na fiúza de Guimarães Rosa). A palavra é "sozinhês". Não é solidão, porque não sou solitária, nem sozinha. Mas tenho uma sozinhês, que me acompanha. É aquela condição de estar só consigo mesmo em paz, nem alegre, nem triste, nem eufórica e muito menos feliz. A sozinhês de poder pensar sobre si, a sozinhês do silêncio na casa, da música no fundo, dos livros abertos e da mente livre. A sozinhês de poder escolher sempre, de poder ir e voltar sempre. De não querer ir se não quiser, de poder partir. Essa coisa é boa pra caramba. Te dá possibilidades. Não paraliza a vida, mas faz o contrário: te deixa livre para todas as escolhas, para o próximo passo, a outra jornada, a outra experiência, a outra descoberta. Essa sozinhês põe o riso na cara (não a risada padrão - felicidade) mas o riso aberto, o riso que faz o olho brilhar. O brilho do espírito livre. Da consciência de si. De que o tempo passa. Do que se fêz, do que se quer fazer. Essa sozinhês me ensinou que a vida só vale quando estamos onde queremos estar. O resto é solidão ou pior: é nada.

Sissina Aurea
Enviado por Sissina Aurea em 03/08/2015
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