Meu lar

Faz dois meses que eu quis contar por aí o quanto você é linda. Há dois meses me apaixonei por você sacando dinheiro no banco, e durante nossa semana na Liberdade me apaixonei de novo. Me apaixonei por você num sabado de manhã quando me visitou e percebeu o quão sem jeito eu sou, me apaixonei a primeira vez que te vi no mesmo lugar de sempre. Me apaixonei quando te levei comigo á lugares que não pensei abrir mão de ir sozinha. Mas com você não precisei. Pude te levar, pude dividir meu copo, meu maço, meu baseado, meu cansaço. Dividi meu ritmo, e aceitei conhecer o seu. Seu ritmo, seus amigos, seus precipícios. Me apaixonei quando brigamos e pela primeira vez não quis jogar tudo fora tão rapido, e me apaixonei de novo depois que passei alguns dias tentando entender por que ainda não tinha ido embora. Me apaixonei quando você me acordou varias vezes a noite pelo incomodo de dormir a primeira vez na minha casa, e mais uma vez quando acordei e te vi deitada do lado. Me apaixonei ao te esperar se arrumar pra ir comprar pão comigo, e de novo quando antes disso sentamos num degrau na rua pra fumar um cigarro. Me apaixonei quando acalmou meu surto e resolveu problemas que eu devia ter resolvido, e me apaixonei quando me fez colocar minha blusa do mickey pra agradar minha mãe pra que pudessemos sair em paz. Me apaixonei as vezes que nos seguramos nos transportes coletivos enquanto eu tentava te beijar. Me apaixonei por você bebada, eu e você. Me apaixonei depois de dançarmos uma madrugada inteira e amanhecermos sentadas em uma praça no meio da cidade cinza tão serenamente, e só levantar de lá as 7h30 depois de conhecer pessoas novas e um baseado e perceber ali que nenhuma companhia seria melhor de manhã ao som de um reggae como naquele sabado. Me apaixonei por todas as 3h de viagem que você percorre duas vezes todas as mil vezes que veio me ver. Me apaixonei pela minha saudade enquanto viajava, pela saudade de quando alguma coisa dava errado e passavamos mais de uma semana sem nos ver. Me apaixonei pela saudade de todas as vezes que te deixava voltar pra casa, porque você é minha casa. Você é minha calma. Só você acalma todo o alvorosso. E me apaixonei as vezes que de repente queria te dizer que você é o melhor em mim, desculpa por não ter dito. Me apaixono quando te espero todos os dias o dia todo por 10 minutos conversando depois do trabalho, antes de você ir pra escola, e eu realmente espero só pra saber que você está bem e se almoçou. Me apaixono quando você me abraça, por saber que não gostava de abraços e então perceber que confiou em mim pra deitar não somente as mãos, mas também o corpo, ainda que seja numa tarde no parque olhando as arvores cobrirem os raios de sol. Me apaixono quando me dá vontade de escrever sobre você, o universo e sobre o nosso lar, que é quando seus olhos caem sobre os meus e percebemos que lugar nenhum nos sossega quanto nós. Aquelas montanhas que tem a cor dos seus cabelos ainda me recorda as horas tão longe com saudade sua, e aquele mar tão igual seus olhos remete o caminho que as ondas fizeram sem te trazer e desesperaram minha estrutura que já tinha se acostumado em se basear com você.

Carmen Tina
Enviado por Carmen Tina em 18/08/2015
Código do texto: T5350912
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