A dura escolha de se enganar
A gente sempre procura razões para ficar, mesmo quando todas as flechas e placas possíveis nos apontam a direção de partir. Procura nas lembranças boas ou nos medos; Procura na cumplicidade perdida... na hora do beijo, na hora da despedida. Procura motivos e encontra. Encontra desculpas e as mascara. Convence-se de que é preciso tentar uma vez mais. E tenta. Uma, duas, dez, dezenas...
Já nem chora ou se decepciona como antes. Já não se choca ou se abala. Não como antes, quando acreditava do fundo do coração que - por amor- poderia ser diferente. Agora por tantos outros motivos e razões, que inventou, ainda tem esperanças. Mas são esperanças brandas, mornas, tímidas- senhorinhas desacreditadas da vida, esperando a morte chegar.
Esperanças são diferentes de vontade ou de crença. São o que restam, quando todo o resto já te abandonou. São o último grito do desespero, o último suspiro da covardia. O medo absurdo de ficar só, quando na verdade já se encontra absolutamente sozinha.
Esperanças não são amigas. Esperanças não são verdades. Esperanças são apenas esperanças. Algo ao qual a gente se agarra na esperança de poder nos salvar. Não nos salvam de nada.
E ainda assim a gente continua inventando desculpas e alimentando inverdades. Mesmo sabendo do âmago da nossa alma que somente através da verdade é que poderíamos encontrar alguma forma de salvação.