Wiler e o campo de futebol municipal

Quando mudamos da Comunidade da Vargem para Lagoa da Prata por coincidência viemos morar ali bem próximo ao campo de futebol da manga e aos domingos era imperdível assistir aos jogos a tarde. Um futebol bretão, isto porque o time mais fraco jogava na defesa e o time mais forte no ataque o tempo todo. Meus amigos era uma verdadeira tourada, imperdível.

Não teremos mais esses grandes espetáculos na terra mais! Lamentável! Ali naquela arena era aquela gritaria, um barulho ensurdecedor. O time que levava um gol o técnico passava a correr toda a lateral do campo gritando, a torcida de pé xingando, o coitado do juiz não podia apitar mais nada, pois levaria uma surra da torcida.

Naquela época arrumei uma namorada que ia aos jogos no campo municipal alegando ser mais seguro. Não demorou eu descobri o motivo: o municipal cheio de moças bem vestidas e maquiadas. O goleiro Wiler, um galã, que mesmo com aquele uniforme cinza dos goleiros do Laprata ele era o motivo da gorda bilheteria.

O pior goleiro de todos os tempos, fraco com força. O técnico ficava na maior saia justa, tinha que colocar quatro zagueiros fixos e um auxiliar roubador de bola no meio do campo para proteger o goleiro Wiler, pois não podia ir bola no gol que passava. Ele pulava sempre atrasado ou a bola acertava nele e voltava e lá no acaso por mera coincidência se ele conseguia agarrar ou espalmar alguma bola, meus amigos o campo municipal vinha abaixo, as moças pulavam e gritavam Wiler, Wiler, algumas no auge da euforia levantavam as saias, um espetáculo que não veremos mais.

Também naquela época a seleção brasileira mandava em campo. Wiler o terror dos técnicos do Laprata. Mas bilheteria garantida, pois o Laprata tinha jogadores contratados. Wiler o goleiro galã, uma lenda viva. Se tivessem filmado aqueles jogos, uma pena, retratos de uma época.