Você não soube me Amar
Leitores, pensem numa alegria em minha vida é quando a mãe vem passar uns dias em casa da Vanda.
É muita comédia.
Primeiro ela reclamou que eu estava a falar muito palavrão, depois começou a falar também. E tome risadas.
Apois. Nextante a mãe tava pra me matar de rir de umas estórias do tempo que o Cão era menino, ocorridas no interior do Ceará. Disse que certo conhecido, a quem chamaremos "Severino", era um viciado em jogar cartas. Vixe, isso eu conheço de cátedra.
O Severino saía de manhã e chegava tardão da noite, melado. Aí ia entrar em casa.
A casa é uma gaitada à parte, a cumeeira era mais baixa que eu, avalia os beirais.
Apois. O Severino pisava na soleira devagarzinho, abria a porta e dava um passo:
"Ai!", gritava um menino que estava a dormir no chão.
O Severino se segurava nos caibros e dava outro passo:
"Ai, pai!", outro menino.
Todo mundo dormia no chão de terra batida.
Até que os meninos cresceram e obviamente foram-se embora para São Paulo. Severino e Donana foram depois. As moças casaram-se e tem mais estória. No dia do casamento da Chiquita o pilão caiu em cima de um menino, até faca riscaram no chão por conta desse episódio. E mais, uma lagartixta foi achada cozida dentro do cuscuz. Mas comida de casamento é assim, como diz Jayr Vitória em Travessuras Danadas. Ninguém arrepara.
Mas é a vida quem nos vive, não o contrário. Tudo pode acontecer nessa longa estrada.
Que surpresas o Destino nos reserva, leitores. Pois não é que o Cupido da Terra da Garoa acertou em cheio o coração do Severino! Apaixonou-se, perdidamente, pela mulher do Zé do Peixe. O amor foi roxo.
Quando a Donana descobriu foi uma novela mexicana. Chorou, se descabelou feito a mulher do Chico Buarque Atrás da Porta. Reclamou que a filha mais velha, metida a macumbeira, nunca lhe dissera das artes do marido, ao que a Chiquita respondeu "eu disse, mas a mãe num veja!"
E redobravam-se o choro e os lamentos. Quando o Severino chegava em casa a Donana caía em cima:
"Severiiino, inxo véi ruim, por que que tu foi passar chifre neu ca mulher do Zé do Peixe?"
E o Severino, muito folgadão, andando naquele passo dele que só mexia um braço, saiu falando ao meio da rua:
"Você não soube me amar, Donana!"
É muita comédia.
Primeiro ela reclamou que eu estava a falar muito palavrão, depois começou a falar também. E tome risadas.
Apois. Nextante a mãe tava pra me matar de rir de umas estórias do tempo que o Cão era menino, ocorridas no interior do Ceará. Disse que certo conhecido, a quem chamaremos "Severino", era um viciado em jogar cartas. Vixe, isso eu conheço de cátedra.
O Severino saía de manhã e chegava tardão da noite, melado. Aí ia entrar em casa.
A casa é uma gaitada à parte, a cumeeira era mais baixa que eu, avalia os beirais.
Apois. O Severino pisava na soleira devagarzinho, abria a porta e dava um passo:
"Ai!", gritava um menino que estava a dormir no chão.
O Severino se segurava nos caibros e dava outro passo:
"Ai, pai!", outro menino.
Todo mundo dormia no chão de terra batida.
Até que os meninos cresceram e obviamente foram-se embora para São Paulo. Severino e Donana foram depois. As moças casaram-se e tem mais estória. No dia do casamento da Chiquita o pilão caiu em cima de um menino, até faca riscaram no chão por conta desse episódio. E mais, uma lagartixta foi achada cozida dentro do cuscuz. Mas comida de casamento é assim, como diz Jayr Vitória em Travessuras Danadas. Ninguém arrepara.
Mas é a vida quem nos vive, não o contrário. Tudo pode acontecer nessa longa estrada.
Que surpresas o Destino nos reserva, leitores. Pois não é que o Cupido da Terra da Garoa acertou em cheio o coração do Severino! Apaixonou-se, perdidamente, pela mulher do Zé do Peixe. O amor foi roxo.
Quando a Donana descobriu foi uma novela mexicana. Chorou, se descabelou feito a mulher do Chico Buarque Atrás da Porta. Reclamou que a filha mais velha, metida a macumbeira, nunca lhe dissera das artes do marido, ao que a Chiquita respondeu "eu disse, mas a mãe num veja!"
E redobravam-se o choro e os lamentos. Quando o Severino chegava em casa a Donana caía em cima:
"Severiiino, inxo véi ruim, por que que tu foi passar chifre neu ca mulher do Zé do Peixe?"
E o Severino, muito folgadão, andando naquele passo dele que só mexia um braço, saiu falando ao meio da rua:
"Você não soube me amar, Donana!"