Minha infância querida

Hoje eu acordei e me vi meio que nostálgica,

Bateu aquela saudade gostosa da minha infância querida.

De pés descalços corria pelas ruas de pedra e brincava de chicotinho queimado, bolinhas de gude e até de baleado.

Dos dias de domingo na pracinha com meu vestido bordado, na igreja Matriz, missa das dez era nosso encontro marcado.

Sinto saudades da minha infância, minha infância querida.

Saudades de te Jacobina... minha terrinha preferida.

Das brincadeiras as margens do rio, dos banhos e das lavadeiras quarando suas roupas no anil.

Lembro-me do riacho nos dias de chuvas cortando as serras e formando cascatas.

Do friozinho nas noites de inverno e das festas juninas junto à fogueira.

Lembro-me das festas religiosas, de Santo Antônio e de São Benedito onde a marujada enfileirada e harmoniosa com seus cânticos e castanholas pelas ruas da cidade a desfilar e eu, toda empolgada acompanhava e cantarolava. O cruzeiro era visto do alto, estava lá para todo mundo ver, na sexta feira santa os peregrinos subiam para se benzer, e lá do alto vislumbrar a bela paisagem que todos arredores queriam conhecer.

Da alvorada, como esquecer! Às vésperas do sete de setembro o desfile logo iria começar de manhãzinha acordava e, toda uniformizada e eufórica estava eu prestes a desfilar, falava de um Brasil varonil, que com todo orgulho eu representava.

Das micaretas no clube da Aurora, que ficava bem próximo da minha casa era como se fosse hoje, o meu coração palpitando quando a banda começava, eu toda de batom vermelho e lápis nos olhos era só nessa época que minha mãe deixava,

De sapatilhas e flor no cabelo eu me esbaldava. Nos salões os confetes e serpentinas davam todo o encanto e magia, palhaços e máscaras das mais variadas me encantavam e abrilhantavam. Se dependesse de mim a quarta feira de cinzas nunca chegava.

Lembro-me dos meus quatro irmãos à volta da mesa, tomando o café, da manhã do cuscuz bem quentinho e fresquinho seu aroma pela janelinha da porta passava. E na hora do almoço era só um alvoroço, pois meio dia em ponto era servido o almoço, e minha Vó da porta gritava meu nome em voz alta. Se por três vezes era chamada um tapa na certa na cabeça levava.

Hoje voltei ao tempo, e consegui transportar um pouco do que ficou em minha memória marcada,

Ser criança é muito bacana hoje tenho uma história para ser contada.