Eu não entendo, mais sorrio.

Nada me irrita nesta “vida que eu vivo”. Bem, quase nada me irrita nesta vida. Pensando bem, muitas coisas me irritam!

Ver as pessoas jogando papel, copos, cascas de frutas, bagaço de milho, outros e afins, nas ruas da cidade, me irrita, e mais ainda quando questionados por tal ato, dizem: - Há! Tem gari pra quê?

Mas isso é uma das poucas coisas que me irritam.

Carro de som de propaganda nas ruas sem o menor “desconfiômetro” (palavra muito usada na minha geração). Me irrita, ainda mais quando estou estudando na biblioteca ou rezando na Igreja. Irritada na Igreja? Ai, ai!

Televisão ligada nas salas de espera de hospitais, consultórios, restaurantes, no volume “midimix”, me irrita. Toda vez que vou sair com o meu carro de um estacionamento e tenho que jogar fora (no lixinho do carro é claro!), um folhetinho da “madame sei lá das quantas” fixado na palheta do meu pára-brisa, me irrita ( Já pago o guardador, só para ele não deixar). E quando o carro que está perto da faixa de pedestres, acha que o carro que tem que parar é sempre o próximo, e parece que o próximo é sempre a gente! Me irrita.

Achei que nada me irritasse na vida, mas vejo que o nosso dia é feito de pequenas contrariedades. Eu não entendo. O povo faz da cidade em que vive uma grande lata de lixo, desrespeita as leis e a tranquilidade, abusa da fé dos simples, se vangloria por levar vantagem em tudo... Eu não entendo, mas uso um subterfúgio para viver neste mundo do qual eu faço parte. Olho para o alto, e sorrio, afinal, acredito que lá em cima temos um tesouro, alguém poderoso que tem o controle de tudo! E suspiro, esperando que ele se compadeça de mim, pois embora pareça, eu também não sou perfeita; afinal, eu me irrito.

ElianeRangel
Enviado por ElianeRangel em 23/06/2007
Reeditado em 29/09/2023
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