ENGARRAFAMENTO

Uma das piores invenções do ser humano é essa desinteligência crônica que atende pelo nome de engarrafamento , um verdadeiro caos instalado no trânsito das grandes cidades, ninguém vai, ninguém vem, uma imensidão de pessoas sozinhas no mesmo lugar, acompanhadas de poluição e barulho.

É como se a vida estivesse transcorrendo em seu curso normal e de repente parasse, ficasse totalmente inerte no tempo, sem sentido algum, um mal estar acompanhado de sudorese seca se apresenta, o indivíduo que não tem ar condicionado, abre todas as janelas e enfrenta de peito aberto a situação, não tem outro jeito, fazer o quê? já, o motorista que pode, fecha as janelas, liga o ar, e em poucos minutos passa a ter calafrios diante de uma situação escaldante, de ambos os lados, o desconforto é igual, o cidadão de bem, é condenado à prisão no meio da rua e pelo andar da carruagem, se transformará em prisão perpétua.

Pensamentos diversos vem e vão em meio a turbulências passadas no asfalto congestionado, a ansiedade aumenta, dá vontade de xingar os motoqueiros que passam pelo meio raspando o retrovisor, quando se pensa, eles já foram, e o que dizer daqueles infratores perversos e mal educados que cortam a fila ultrapassando pela direita?

Em um cotidiano e grande engarrafamento, o que já era ruim pode piorar, principalmente, quando um cidadão se aproxima e bate no vidro, ufa, dessa vez era só um mendigo a pedir esmolas, um vacilo na embreagem quase deixa bater no carro da frente, que sede, que fome, que raiva, vontade de ir ao banheiro.

Chega-se tarde em casa, o jornal se acaba e a janta a muito já está fria, só resta agora, tomar um banho quente, procurar esquecer as tensões desse dia atribulado e se preparar para amanhã de manhã, logo bem cedinho, tem mais.