Fugimos da escola do amor

Vamos falar de amor?

Hoje eu estava curtindo minha revolta matinal com as músicas tocadas nas rádios, que falam desse amor viscoso e sufocante, totalmente dependente do outro que é cantado a plenos pulmões pelos corações apaixonados e partidos Brasil a fora. Nesse momento me veio um pensamento: Não tem escolas de amor. Nós aprendemos o que é amor observando nossos pais ou familiares próximos se relacionando, na TV, nas músicas e livros. Resumindo, estamos mortos, porque eles em sua maioria são péssimos professores, não sabem nem para eles, somos cegos seguindo deficientes visuais.


Hoje o que está em voga (tirei essa palavra do fundo do baú) é amar com desespero e paixão, dizer que não vive sem fulano, que só ele pode te trazer felicidade. Trocando em miúdos, já começamos destinados ao fracasso ao jogar essa expectativa de realização na vida afetiva sobre o outro e recebendo esse mesmo encargo. Claro que ambos tem o dever de zelar pela manutenção e cuidados com o parceiro, mas daí a esperar que ele te torne feliz eternamente e amém, é outra história.

Como nos conta Regina Navarro Lins em seu livro "O livro do amor" fruto de mais de 5 anos de pesquisa, o casamento por amor data do século XX, antes era concebido apenas com expectativas de subsistência e continuidade do nome da família. Segundo essa psicanalista e escritora brasileira, o amor vem sendo interpretado e sentido de diferentes formas ao longo da história da humanidade. Em sua longa e vasta pesquisa sobre o tema e abordando também sexo e sexualidade, concluiu que nossa visão e reação ao amor é muito moldada pela cultura vigente na sociedade que vivemos.


Ou seja. se sua vida amorosa está um lixo e você sabe disso, comece a mudar as coisas. Pode - e deve, ser devagar, veja o que funciona para você(s) como casal, compare e reflita com os comportamentos que adota apenas porque "é assim que todo mundo faz". Quem nunca passou pelas dúvidas do que pode ou não falar, quando é o momento de declarar o amor, quando demonstrar, 10 passo disso, 15 passos daquilo, como seduzir, como manter a relação, como reacender a paixão, como falar, respirar, comer, vestir, agir? Sinceramente, me deixam aflitas essas regras e tornam o amor um jogo - do qual nunca aprendi e nem estou interessada em aprender as normas, se eu gosto eu falo e ajo de forma que isso fique claro. Não tenho medo de sofrer.


Desconstrua sua imagem do amor e viva-o da forma que sente ou gostaria de sentir, divida com seu amado(a) suas idéias e planos e faça-o parte do processo de mudança, queira dividir e compartilhar para somar, e em última instância, troque de parceiro e ache alguém que ame da forma como você acredita no amor. Acho que não existem formas certas e erradas de amar, apenas maneiras compatíveis ou não, e mesmo esse "modus operandi" de hoje, pode não funcionar no futuro para ambos. Conviver é uma habilidade que vai se aprendendo e aperfeiçoando, e como é fruto do íntimo do ser humano é mutável e evolui, junto com o desenvolvimento pessoal, social, intelectual e espiritual de cada um. Você nota como são muitas as variáveis que equilibram a saúde emocional de uma relação?


Se ainda não casou-se, discuta o assunto e saiba o que esperam de você e deixe que o outro saiba o que será cobrado dele. Não vejo nenhum motivo para manter uma pessoa ao meu lado se este não se permiti e me permiti ser parte de sua vida. Não faça do casamento e do amor algo inalcançável e idealizado, seja e viva um amor possível e bonito, mesmo que incomum e incompreendido pelos demais. Não se minimize e mutile para caber nos sonhos alheios, e nem imponha estes sacrifícios ao seu par.

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