Pra você que eu tanto (des)conheço

Cê senta no sofá e é mais um episódio de Adotada: você ri como sempre, e chora como sempre, afinal Maria Eugênia te desperta essas emoções.

No final da noite passada você dormiu irritada por não poder assistir Salt pela décima terceira vez, e hoje você está em posição de lótus na cama, tentando manter a coluna ereta, e me ouvindo.

Minutos atrás você estava assistindo Amizade Colorida, e como a maioria dos filmes remexem no seu humor, você acabou emocionada. Mas, agora... você chora. De verdade. Não mais por causa do filme com final feliz, não mais por querer esvaziar as frustrações e remorsos acumulados, mas, porque, simplesmente, é hora da verdade.

Como um rap do Ed uma música indie da Ellie, como big girls cry da Sia, ou daughters, free fallin’ e half of my heart do John Mayer, como você esquecendo de manter a coluna ereta. Você não merece a dor, baby. Coluna ereta, please! Muito bem.

O quanto você consegue perder de si mesma numa dessas crises existenciais? Engraçado, eu também não sei.

O melhor de tudo é quando você vai tirando o peso das costas, quando você decide deixar pra lá como Taylor em Shake it off, e embora você não esteja dançando, todo o seu corpo está eletrizado.

Em partes porque você gosta tanto do que é, que não se importa em perder um pouquinho disso, contanto que haja um abraço triplo – corpo, coração e alma -no final, e contanto que todos chorem como uma canção da Demi: pura e verdadeira.

Em partes porque você, finalmente, entende o escândalo que Ana Cañas fala, tritura e canta, e você aceita que toda pessoa tem um escândalo assim, porque você também é um grito estridente no meio da Missa, porque você também é a mulher nua em praça pública, você também é um grande escândalo oculto.

E, especialmente, em partes porque depois da chuva vem o Sol, aquele Sol de hoje mais cedo nos seus olhos que só fez com que você lembrasse que foi assim – observando a natureza – que Lao Tse entrou no seu mundo com a teoria do yin-yang – essa coisa toda de escuro/claro, frio/quente, repouso/movimento, água/fogo – que ele descobriu que todo lado bom tem o seu ruim e vice-versa.

Não é no momento mais escuro da noite que o Sol volta a brilhar? Da mesma forma o yin do yin – yang – chega. E estou tão grata que, por ora, ele tenha voltado.

Linhas, dedos, montes, estrelas, planetas, e eu sentimos tanto a falta dele, embora ele mesmo faça parte disso.

Embora ele mesmo esteja em mim.

Embora yang habite em yin.

Iasmim Santos
Enviado por Iasmim Santos em 21/09/2015
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