A PESSOA CERTA

Aluisio Rodrigues

As pessoas se encontram na vida muitas vezes por uma manobra do destino. Não existe forma certa nem programação alguma. Tudo acontece por uma conspiração do universo como já disse um escritor consagrado.

Às vezes nasceram em lugares distantes um do outro, porém um belo dia seus destinos se cruzam, eles se conhecem e estabelecem amizade.

Em primeiro, como amigos, mas com o passar do tempo, a amizade se transforma em afeição recíproca e finalmente, surge o amor com toda a intensidade.

Esse processo nós corremos o risco de vivenciá-lo mais cedo ou quando menos esperamos. Entretanto, felizes daqueles que têm a sorte de encontrar uma grande paixão em sua vida.

De encontrar a pessoa certa.

Mas o que seria , então, a pessoa certa?

Depende da visão do mundo ou da filosofia de vida de cada um.

O escritor Fernando Veríssimo, por exemplo, expõe em belíssima crônica sua concepção acerca do tema., para ao final negar sua existência no sentido convencional.

Para ele, existe, sim, aquela pessoa que se pararmos para analisá-la concluiremos tratar-se da pessoa errada, porque a pessoa certa age de modo diferente.

E, ao falar, agir e fazer tudo certinho, muitas vezes não atende ao que necessitamos. A solução seria, então, procurarmos a pessoa errada.

Mas qual o perfil da pessoa errada?

Ele próprio a define como a antítese da pessoa certa.

Seria então aquela que nos faz perder a cabeça, fazer loucuras e morrer de amor. Aquela que não nos procura a toda hora, para no reencontro ser mais verdadeira.

A que nos faz chorar para depois enxugar as lágrimas.

A que nos tira o sono, para em troca nos dar uma noite de amor inesquecível.

Nos magoa, mas depois se enche de mimo ao pedir perdão.

Pode não estar sempre ao nosso lado, mas estará sempre nos esperando e pensando em nós.

Então, quando damos graças a Deus porque tudo deu certo, queríamos, na verdade, encontrar a pessoa errada para que tudo realmente funcionasse direito.

A pessoa errada, então, para ele, seria aquela que chamamos de pessoa certa.

Seria mesmo? Pergunta-se.

Não me parece que a beleza da prosa reflita a realidade da vida.

As duas personagens ou as duas qualidades pessoais podem se fundir numa só.

Na verdade, elas espelham duas variedades de amor, que necessariamente não se repelem.

E quando se encontram e se ajustam num mesmo ser, surge então a simbiose da expressão mais linda do amor.

O amor ternura e o amor paixão

O amor ternura porque terno, sublime, expresso nos gestos mais simples, como o afagar dos cabelos; o beijar na face e nos olhos semi-cerrados; o compreender os queixumes; o perdoar os defeitos; o ter paciência com os pequenos deslizes e moderação nas discordâncias; o saber ser mãe, companheira, cúmplice e amiga.

Nas horas e momentos certos, ser a amante voluptuosa, apaixonada, que faz loucuras, pede perdão e faz juras de amor, enfim, que curte os momentos da vida como eles se apresentam.

Tudo a depender das circunstâncias .

Este, o modelo ideal da pessoa certa.

Encontrá-lo, eis o problema.

Mesmo assim, vale a pena correr o risco em procurá-la com determinação, pois somente assim, poderemos encontrar o sentido de vida que buscamos

Às vezes, porém, a busca é infrutífera e encontramos a pessoa errada.

Não no sentido preconizado pelo cronista citado, mas errada porque não tem as virtudes que a fazem certas no seu conceito.

Biuza
Enviado por Biuza em 24/06/2007
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