A MOÇA DA LOJA

De uns tempos pra cá, ele tem saido de casa bem mais cedo ue o habitual, seu ônibus para em frente ao trabalho, mas Leonardo desce uma parada antes, anda um qurteirão inteiro, para ficar alguns minutos deslumbrado em frente a vitrine de uma camisaria, mas não é nenhuma camisa, nenhuma peça de roupa exposta, o que ele admira mesmo é a moça que fica do outro lado do balcão.

El nem é lá tão bonita assim, mas possui um ar sereno,um jeito singelo, sempre com um belo sorriso no rosto e de uma delicadeza que só vendo, isso, o suficiente para extasiar o pobre e tímido rapaz, que se contenta apenas em admirará-la, amá-la em segredo, tê-la em seus braços apenas em pensamento.

Não sabe nada sobre ela, nem mesmo o seu nome, onde mora, se tem namorado, só que há um sentimento no ar, que o coração dispara e as pernas ficam bambas quando passa e a vê pela vitrine, acha que algum dia criará coragem e a chamará para tomar um suco ou dar uma volta na praça para conversarem ou até mesmo, irem a um cinema, só acha, sabe que não tem coragem, talvez não tenha a menor chance, já que, uma moça daquela, trabalhando numa loja chique, deve receber olhares e convites de pessoas bem mais interessantes, deve ser cantada em verso e prosa pela seleta e qualificada clientela , uma moça daquela não se encontra em qualquer esquina, tirando a esquina da loja.

Leonardo até já pensou em entrar, dar um bom dia, ser bem atendido e receber um doce sorriso como os outros clientes recebem,mas, numa loja dessas, em que o preço de uma camisa em liquidação dá pra comprar três na feira e sem contar que iria comprometer o apertado orçamento, e também não dá para entrar, ser muito bem atendido, fingir que não se interessou e sair de fininho, assim, como quem não quer nada.

Ela certamente já deve ter visto aquele sujeito por alí, do outro lado da vitrine, admirando e desejando algo, viu, mas nem deve ter notado, deve ter pensado, se é que pensou, em ser algum possível cliente, dos milhares que diariamente param por alí interessados em algum produto.

Leonardo sabe que se revelasse para alguém essa sua paixão, certamente lhe diriam para correr atrás do seu sonho, que nessa vida não há nada impossível, que se declarasse mesmo correndo o risco de ouvir um não e não ser correspondido, com certeza, ouviria muita mensagem de apoio a encorajá-lo, mas, ele prefere sofrer calado, amá-la em segredo e em silêncio com seus sentimentos guardados, não quer correr riscos, prefere nutrir esse amor pela moça da loja assim, platonicamente.