Crônica I

Seria mais uma tarde tediosa e aborrecedora cheia de pensamentos desanimadores e preocupações. O clima? O mesmo calor infernal de sempre, mas já nem me queixo, isso só aumenta ainda mais o maldito calor. Nada pior que uma noite mal dormida. Desço do ônibus, quase sufoco com o mormaço, atravesso a avenida rapidamente. A caminho de meu destino deparo com um amigo, pisciano, experiente, batalhador. Amizade recente, mas valorosa. Como na quinta passada me convida a sair para dialogar e beber uma cerva, concordei de imediato, precisava mesmo sair para distrair um pouco a mente. Por volta das quinze horas saímos, passamos em um pesqueiro mais próximo... "mórbido... vamos achar outro lugar...", um outro sem nome algum, um outro tal de sete ondas ou algo assim, não, igualmente fúnebre. "Que diabos há com essa gente hoje?", pensei. Por fim estacionamos em um próximo ao asfalto, menos morto, bom ambiente, e por sorte, menos mosquitos que pensei que teria, somente o calor não perdoara, como sempre. Não havia muita opção de cerveja também, nem limão para a vodca, enfim, que seja a garrafinha de skol. Escolhemos uma mesa e sentamos para beber, mas a conversa mal se desenrolara, o calor não deixava, arrastamos a mesa para outro canto, sem tapagem, mais ventilado, pouca diferença, mas, mais respirável ao menos. Certo, quem diria, ambos estávamos estressados com eventos diversos, eu pouco falara, é meu jeito. Mas estava ali para o desabafo de um bom amigo. Me contara de uma amizade de longo prazo, instável, tudo por uma puta falta de respeito, sim, foi. Não, não acho correto expor aqui a situação, não é da minha conta nem de quem ler essa porcaria, mas uma coisa é certa, amizade não é medida por favores ou por dinheiro, mas sim por consideração, respeito e saber que por mais que não possamos fazer nada as vezes algumas palavras basta, as vezes saber ouvir basta. Após uma agradável tarde meu amigo me trouxe de volta, e, ainda ganhei um bolo de presente, pois é, esse bolo ainda me rendeu meu café da manha. O que espero com este escrito? Não muito, hoje em dia as pessoas nem mesmo gostam de ler, muito menos tem respeito por aqueles que se dizem amigos, mas se por algum milagre tiver alguém que ainda valorize esse tipo de coisa, eu peço, nunca deixe um amigo na mão, e isso significa até mesmo responder a um simples bom dia, dizer um muito obrigado ou desejar felicidades. Uma amizade verdadeira é feita de atos singelos, sutis.