Picolé

Era tarde quente, tipo Rio 40 graus, eu só queria um refresco,e a buzina não enganava, era o sorveteiro. Chamei-o sem exitar, foi minha salvação,ele veio ao meu encontro, com olhar de cansaço, talvez de esperar, ou de caminhar tantas horas, ele então abriu o seu carrinho e de lá se viu uma porção de picolés, afirmei a ele " No verão vende bem!", e ele respondeu na sua humilde expressão "Mais ou menos", comprei 8, não porque precisava de muitos, mais para alimentar naquele senhor a esperança de dias melhores. Quantos e quantos senhores desses não estão carregando nas costas o peso dos maiores, que por mais que caminhem por horas não conseguem esvaziar seus carrinhos, o padeiro, o confeiteiro,o lixeiro, o catador de recicláveis, o gari. Pois é, a gente nunca tenta reparar na luta dessas menores classes, mais elas existem e estão por aí nas ruas, tentando manter seu pequeno negócio, sua pequena venda, tentando sobreviver. E estamos assim como picolés derretendo suscetíveis ao calor do sol, está faltando mais gelo ou será que mais dinheiro?

Erica Bueno
Enviado por Erica Bueno em 03/10/2015
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