Um Filme da Mente Chamado: CIÚME

Definiria ciúme como um transtorno no qual o ser humano sente a necessidade de exclusividade de uma pessoa ou objeto. Quando essa exclusividade é ameaçada, surge-se então um dos mais perversos sentimentos, que atacam jovens, adultos, idosos e até mesmo crianças... Infelizmente amor, ódio, alegria, ciúme etc. fazem parte da natureza humana. Como uma crônica é como uma brisa suave num fim de tarde, eu vou falar de ciúmes dentro de um relacionamento.

Talvez o ciúme seja o resultado do nosso mundo capitalista e globalizado que visa o individualismo, que por sua vez gera o egocentrismo, aflorando assim o lado possessivo do indivíduo. Se pararmos para analisar, desde os mais remotos períodos da História já havia ciúmes... O homem das cavernas escolhia uma fêmea para si; os faraós levavam tudo que possuíam para as pirâmides quando morriam, inclusive as pessoas de seu círculo social; os deuses gregos sentiam ciúmes uns dos outros, afinal era traição em cima de traição; Bentinho, de Machado de Assis, morria de ciúmes de Capitu; Otelo mata Desdêmona asfixiada e isso sem falar os variados casos de ciúme que a Bíblia aborda. O importante deste parágrafo é fazer o amado leitor entender que o ciúme não é algo contemporâneo, mas milenar.

Surge em um relacionamento a eterna Lide jornalística, composta pelas 5 perguntas: Quem? Quando? Onde? Como? Porque? Com quem você andou? Onde você estava? Quando você foi lá? Como foi que aconteceu? Porque você falou com ela (e)? São essas as principais perguntas que permeiam as mentes ciumentas do meu Brasil.

Andando pelas ruas, sou abordado por jovens quem compartilham experiências de tal sentimento. Tem pessoas que são verdadeiros cineastas, sim eles desenvolvem um filme doentio de traição, deturpação da realidade e morte que é incrível. Dá asas a imaginação e constroem uma situação extremamente fictícia em sua mente, onde se cria um quebra-cabeça em torno da pessoa amada, virando assim um verdadeiro Sherlock Holmes de investigação sentimental, procurando incansavelmente uma suposta traição. Isso é um filme? Não, isso é loucura. E infelizmente corrói a estrutura de uma vida a dois.

Depois do filme criado em sua mente, o ciumento parte para o questionário interrogatório, acusa, discute, desespera, exagera, bate boca, faz barraco, agride verbalmente e até fisicamente. Coisas sem fundamento algum. Deve-se pensar uma, duas, mil vezes antes de tomar atitudes de desconfiança e descontrole emocional.

Já presenciei inúmeras situações de brigas sobre ciúmes. Os casais não entendem que o diálogo ainda é a principal conexão entre ambos. O casal que não conversa, não se entende, não se compreende e não vive bem. E conversar com a cabeça fria é fundamental, quantas festas que eu presenciei foram estragadas por causa de ciúmes, quantos encontros de amigos terminaram mal porque o parceiro de um chegava ao local quebrando tudo. O melhor a fazer é se segurar e no momento mais apropriado, dialogar civilizadamente com a cabeça fria, fria? Estilo mente “Frozen”, congelada!

O engraçado é que quanto mais se investiga, menos atenção se dá. Quanto mais se procura o suposto chifre, mas distante fica o relacionamento. Aquele programa a dois, já não tem mais o mesmo clima; aqueles beijos no cinema, já perderam a intensidade e os momentos a dois são sempre envoltos a uma desconfiança criada na mente do cineasta louco. Para ser feliz é preciso domar a mente, do contrário termina em um hospício ou em um camburão.

Talvez eu seja a pessoa mais ciumenta do mundo. Sim, pareço pacato, não é? Mas sou ciumento sim, contudo sou controlado. Tenho ciúme de tudo, do trabalho, do Facebook, das curtidas, dos comentários, do WhatsApp, do Twitter, do Instagran, da academia, da rua, dos amigos e até da distância. Distância? Sim, afinal ela me separa fisicamente da minha amada durante cinco longos dias da semana. Talvez agora o amado leitor esteja pensando que sou um psicopata... Por incrível que pareça, não sou.

Entenda que relacionamento tem um único alicerce que sustenta anos de convivência: CONFIANÇA. Eu confio na mulher que eu amo, eu sei que ela confia em mim e consequentemente, mantemos o equilíbrio. O leitor deve concordar que quanto mais se prende, é bem pior. Se tiver que trair, vai trair debaixo do seu nariz. Sufocar é a pior das maneiras de levar um relacionamento. Porque perder o precioso tempo a dois mergulhado em um sentimento mais antigo e quadrado que a minha bisavó?

Uma pitada de ciúme é saudável, deixa o relacionamento mais próximo, mais caloroso, estreita os laços de amor... Uma brincadeira que não agrida e nem provoque fazem bem. Como disse Keila Marques: “Um amor verdadeiro resume-se em confiança e amizade”. Se você não confia, não é feliz. E como você pode ser amigo se você não dialoga? Talvez essa crônica o ajude a entender melhor o perfeito e o louco caminho que se chama: vida sentimental...

Victor Terra
Enviado por Victor Terra em 06/10/2015
Código do texto: T5406764
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