O Romance sem Idioma

Ela assentou-se no banco da praça do cavaleiro, e decidiu que iria aprender francês. E no caminho até o porto, sentiu um aperto bem no peito e o coração que mora ao lado já não sabia se era loucura, ou um pouco de bravura.

Bravo tinha olhos claros, cabelo cortado e um cigarro sempre ao seu lado. O seu sotaque dava a impressão que ele não estava sóbrio pela maior parte do tempo, mas quem vai saber... Naquela primeira aula de francês (lê-se o R com coceira na garganta), tinha um vinho ruim da América e uma cerveja de valor razoavel.

Detalhes eram intrigantes. Mas uma coisa os uniu naquela mesa do bar inglês, não fora o rugby na tevê e tampouco a bebida que a garçonete de cara feia os ofereceu. Podia supor uma conversa interessante que os filmes contam como um desconhecido amor à primeira vista. Mas ela não entendia nenhuma das vogais daquele rapaz.

Então o pretexto da aula de francês por ali começou, ela retirou o lápis da bolsa e ele escreveu algumas palavras não tão uteis no caderno da moça. Ela folheu as páginas amassadas quando chegara em casa. Mas ele já havia partido...

Depois dali, nunca mais se soube da moça jornalista e do rapaz francês. Talvez ela teria virado correspondente e o-esbarrado na esquina shabby. Ou, depois da última ligação... se conformaram à deixar de inventar uma linguagem que os una então.

Uma Beatriz
Enviado por Uma Beatriz em 10/10/2015
Reeditado em 11/10/2015
Código do texto: T5410673
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